Análise: Atlético-MG vive noite de gangorra em resultado de prós e contras no Equador
Galo saiu na frente e poderia ter ampliado a vantagem, mas teve segundo tempo de erros individuais e deixa Guayaquil com discurso de “melhor foi não perder”
Por Marcelo Cardoso — Belo Horizonte
29/06/2022 04h00 Atualizado há 4 horas
Até mesmo no velho e batido clichê do “copo meio cheio ou vazio” fica difícil analisar o empate em 1 a 1 entre Atlético-MG e Emelec, nessa terça-feira. Foi bom ou ruim? Resultado a ser comemorado ou lamentado? Vitória que escapou pelos dedos no pênalti perdido por Hulk ou derrota evitada após expulsão de Allan? Na gangorra de emoções em Guayaquil, há argumentos para qualquer resposta.
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Ao torcedor, talvez pese mais a última sensação, de quem foi da euforia à decepção no pênalti desperdiçado por Hulk, já aos 42 minutos da etapa final. Mas até mesmo o mais otimista dos atleticanos sabia que, até aquele momento, pela circunstância do segundo tempo, o empate era lucro. E por isso, após o jogo, Turco ressaltou inúmeras vezes que o mais importante foi “não perder”.
“Tivemos oportunidades para ganhar o jogo e não fomos capazes. Mas o mais importante é que não perdemos. Agora definir em casa.”
De fato, o cenário para a partida de volta, na próxima terça-feira, é bom para o Galo. Diante de seu torcedor, o Atlético precisará de uma vitória simples para avançar às quartas de final da Libertadores. É melhor time, estará ainda mais reforçado e contará com a atmosfera do Mineirão a seu favor. Mas precisa confirmar o favoritismo em campo.
No George Capwell, faltou justamente isso. E olha que foram 35 minutos de uma atuação de alto nível, com extrema inteligência para explorar os próprios méritos e as fraquezas do rival. Sem tanta posse de bola, mas bem postado para explorar o ataque de forma vertical, em transição. Assim saiu o gol, logo aos 15 minutos.
De Everson a Ademir, passando por Hulk e Nacho, foram necessários apenas sete toques na bola em oito segundos de posse até a festa do gol. O terceiro do camisa 19 nos últimos quatro jogos pelo Galo. Trajetória, que até bem pouco tempo era de crítica, em ascensão.
O Atlético poderia ter ampliado com Hulk, pouco depois, mas desperdiçou – primeiro indício de que não era noite para gol dele. Recuou demais e passou a permitir, nos próprios erros, que o Emelec crescesse. Já no primeiro tempo, Sebastián e Jackson Rodríguez poderiam ter empatado, mas erraram.
No segundo tempo, os erros individuais transformaram o jogo. Primeiro de Nathan Silva, que ergueu demais o braço na disputa aérea dentro da área e acabou cometendo pênalti em Cabeza – flagrado pelo VAR. Sebastián Rodriguez foi para a bola e empatou.
Depois, Allan cometeu erro infantil ao perder a cabeça e agredir Jackson Rodríguez em lance sem bola. Vermelho corretamente aplicado após nova ação do VAR – a sexta expulsão do volante desde que chegou ao Atlético. Nos dois casos, nada a reclamar de arbitragem.
Em vantagem numérica e com o apoio da torcida, o Emelec foi para cima. Mas a disparidade tática apareceu. O time da casa tinha mais volume, mas, mesmo com um a menos, era o Galo quem parecia mais seguro e conseguia as melhores chances. Todas nos pés de Hulk.
O atacante tentou em um chute de longe, mas mandou para fora. Fez fila na defesa rival e tentou o toque na saída do goleiro, mas parou em Ortíz. E claro, o pênalti perdido. De fato, não era a noite dele balançar as redes e alcançar Jô na artilharia geral do Galo na Libertadores, mas também esteve longe de ser uma atuação ruim.
Pode ter ficado para o joga da volta, na próxima semana, no Mineirão. Assim como também pode ter ficado para a decisão da Glória Eterna, no fim de outubro, a primeira vitória da história do Galo no Equador. O time só volta ao país em uma possível final. Mas o caminho até lá ainda é longo.
O Galo segue amplo favorito para ir às quartas de final, mas precisará ser mais oportunista para avançar. Terá o Mineirão a seu favor. E a avaliação do resultado dessa terça passa necessariamente pela semana que vem. Tudo bem, Turco; o importante foi “não perder”. No Gigante, então, não há alternativa que não seja ganhar.
Fonte: Marcelo Cardoso — Belo Horizonte