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Análise: em clássico com emoção, drama e polêmica, Atlético-MG bate Cruzeiro e consegue vitória que faltou em 2021

Galo não teve atuação fantástica no Mineirão, mas mostrou que a magia de 2021 segue em voga em 2022; vitória nos acréscimos alivia

Por Marcelo Cardoso — Belo Horizonte

07/03/2022 05h28  Atualizado há uma hora

Fosse qualquer jogo que não um clássico, talvez o Atlético-MG tivesse conseguido nesse domingo uma vitória mais tranquila. Mas clichês existem por um motivo. “Não há favorito”, “jogo de detalhes”, “clássico é clássico”, vice-versa. Foi na base da emoção, do sufoco, com tons de dramaticidade e, claro, o velho toque de polêmica típico de jogos assim. O Galo levou a melhor sobre o Cruzeiro, conseguiu a vitória que faltou em 2021 e segue em lua de mel com uma torcida que não se cansa de comemorar.

Estatisticamente falando, não há como negar a superioridade do Atlético sobre o Cruzeiro ao longo da partida. O time de Turco Mohamed finalizou quase o triplo de vezes do rival (21 x 7), teve mais posse de bola (52,8% x 47,2%), desarmes, passes, cruzamentos, dribles… Mas dada a disparidade atual entre os dois times, o torcedor sabe que o Galo deveria ter jogado mais.https://d718c40d383c18c933e48068015192fd.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

E talvez até tivesse, se uma das três chances claras no início do jogo tivesse se convertido em gol. Mas nem Jair, nem Savarino e muito menos Hulk conseguiram balançar as redes do rival na avalanche dos 10 minutos iniciais. O Cruzeiro resistiu, e aos poucos foi conseguindo cadenciar o ritmo do confronto.

Nos demais minutos do primeiro tempo, sobraram divididas ríspidas e princípios de confusão típicos de um clássico do tamanho de Galo e Cruzeiro. Ao mandante, tecnicamente superior, faltou talvez esquecer que se tratava de um jogo assim, colocar a bola no chão, e ter paciência para buscar espaços na defesa rival. Intervalo de jogo: 0 a 0.

“Quem errar menos vai sair vitorioso”

A frase acima é de Guilherme Arana, no intervalo. Quase um clichê frequentemente usado em jogos decisivos e, claro, clássicos. Um dito que costuma se transformar em realidade, mas não no caso do jogo desse domingo. Na loucura dos 50 minutos finais de jogo, o Galo foi quem errou mais, mas também quem saiu vitorioso.

Fora o susto gigantesco na dividida entre Everson e Edu, que terminou na entrada da ambulância no gramado para conduzir o atacante a um hospital (ele está bem), o roteiro dos primeiros 20 minutos do segundo tempo apresentava um Galo que ficava mais com a bola, mas errava no terço final e sofria para encontrar espaços na (bem postada) defesa azul.

Foi aí que a torcida atleticana decidiu gritar pelo nome de Eduardo Vargas, logo acionado por Turco Mohamed. Com ele, entrou Ademir. As mesmas mudanças da partida contra o Flamengo na Supercopa, que surtiram o mesmo efeito decisivo. Mas antes da glória, veio a decepção.

Uma falha geral da dupla de zaga atleticana fez com que Vitor Roque abrisse o placar de forma surpreendente para o Cruzeiro. Com a tranquilidade (e espaço) de um veterano, o jovem de 17 anos se posicionou bem entre Nathan Silva e Godín (que jogaram em posicionamento invertido, com o uruguaio pela direita e o prata da casa no lado esquerdo), antecipou Everson e fez o primeiro gol do clássico.

Gol seguido imediatamente por um grito forte e estrondoso das arquibancadas, mas não da minoria cruzeirense: “Vai pra cima deles, Galo!”. E o Galo foi, na base do abafa. Mais na pressão numérica de um time todo no campo de ataque do que na inspiração de quem conseguia criar boas jogadas.