Bolsonaro perde 93% de engajamento, após derrota e silêncio nas redes sociais
Nos 30 dias seguintes à derrota nas urnas, presidente se ausentou das principais plataformas; em contrapartida, Lula aumentou sua base digital em 16% no período
Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro
30/11/2022 04h30 Atualizado há 2 horas
A redução brusca no ritmo das postagens e a falta de transmissões ao vivo reduziram o fôlego do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Levantamento da consultoria Bites mostra que, na comparação com o mês anterior, o chefe do Executivo teve uma queda de 93% em suas interações (soma de curtidas, compartilhamentos e comentários) neste mês no Twitter, Instagram e Facebook. A média diária, que era de 7,6 milhões em outubro, passou a 487,7 mil.
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Ontem, o presidente postou uma foto sua nas redes, sem legenda — a publicação anterior no Twitter e Facebook, por exemplo, havia sido no dia 16. O cenário era bem diferente antes da derrota nas urnas, quando as publicações eram frequentes. Em outubro, levando-se em consideração também YouTube e TikTok, a base de seguidores havia crescido 12,7% (6,8 milhões de perfis a mais no conjunto). A ausência também teve impacto no ritmo de aumento das contas que acompanham Bolsonaro — em novembro, a subida foi de 6%, o equivalente a 3,6 milhões de seguidores. O presidente também reduziu as aparições públicas — ontem à noite, esteve no jantar da bancada do PL.
— É um desânimo natural de parte dos seguidores com a falta de interações dele nas redes sociais mais clássicas. Tem um pouco de decepção e quebra de expectativa também. Os seguidores esperavam que ele falasse sobre os protestos — explica o diretor-adjunto da Bites, André Eler, referindo-se aos atos antidemocráticos que bolsonaristas vêm fazendo desde dia 30 contra o resultado das eleições, primeiro bloqueando estradas e, depois, na frente de unidades dos Exército, pedindo intervenção militar.
Como O GLOBO mostrou semana passada, nem mesmo os pedidos de contestação do resultado das urnas engajaram a base no Twitter. Atualmente, o presidente investe em publicações no Linkedin e Telegram, canais que concentram poucos eleitores, em um tom institucional, o que não engaja a militância.
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Nos últimos dias, o momento que conseguiu atrair mais internautas foi quando Bolsonaro rompeu o silêncio após perder para Lula. Em 2 de novembro, o presidente publicou vídeo pedindo que seus apoiadores desobstruíssem vias públicas. Essa mesma gravação foi replicada no Instagram, Twitter e Facebook, redes que juntas somaram mais de 8,29 milhões de interações.
Fonte: Luísa Marzullo — Rio de Janeiro