Brasileiro que tentou matar Cristina Kirchner e namorada estudaram local antes do ataque
Fotos recuperadas do celular de Fernando Sabag Montiel mostram ele e Brenda Uliarte posando com arma supostamente utilizada em 1º de setembro
Por O Globo e La Nacion — Buenos Aires
07/09/2022 17h17 Atualizado há um minuto
O brasileiro residente na Argentina Fernando Sabag Montiel e sua namorada, Brenda Uliarte, ambos presos pela tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estudaram o local do ataque antes de cometê-lo, segundo evidências encontradas pelos investigadores do caso, que acreditam haver outras pessoas envolvidas na trama.
De acordo com o que disseram fontes da investigação ao jornal La Nacion, há imagens que mostram o casal analisando o entorno da casa de Cristina nos dias anteriores a 1º de setembro, quando Sabag Montiel tentou matar a vice-presidente com uma pistola.
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Um dos investigadores do caso disse ao jornal que “há mais provas que dizem que ambos agiram de forma premeditada” e que “imagens dos arredores da casa da vice-presidente mostram que houve planejamento”.
Imagens extraídas do cartão de memória do celular de Sabag Montiel nesta terça-feira também mostram ele e sua namorada posando com uma arma semelhante à pistola Bersa Thunder calibre .32 utilizada na quinta-feira contra Cristina. Brenda aparece com a pistola na cintura, enquanto Fernando a segura junto ao rosto.
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Os investigadores não conseguiram ter acesso às mensagens do celular do brasileiro, que apareceu como “resetado” quando tentaram desbloqueá-lo, mas o cartão de memória foi preservado, e as fotografias desmentem as declarações públicas de Uliarte, que disse não saber que o namorado tinha uma arma e que não o via há dias. Além disso, foi encontrada uma fotografia, datada de maio, com as duas caixas de projéteis apreendidas na casa de Sabag Montiel.
Os investigadores também disseram que há indícios de que mais pessoas participaram da ação, embora não tenham mencionado uma grande organização, mas sim um acordo de interesses com alguém que poderia ter incitado o casal a realizar o ataque.
O smartphone de Uliarte também está sendo investigado por técnicos da Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA).
— A análise do material baixado, até agora, indica que ela teria um papel fundamental no evento, nada passivo — disse uma fonte de alto escalão envolvida na investigação, ao site Infobae.
A juíza María Eugenia Capuchetti, responsável pelo caso, está interrogando Uliarte esta tarde. Uliarte foi presa no domingo e está na Superintendência de Investigações da Polícia Federal, em Villa Lugano, e seu namorado na sede da Polícia Montada Federal, em Palermo. Após a audiência, ambos serão detidos na sede da PSA, no Aeroporto Internacional de Ezeiza.
Segundo seu advogado, Gustavo Kolman, ela não vai se recusar a dar declarações à juíza, ao contrário do namorado, que no dia seguinte ao atentado não quis responder às perguntas sobre o caso, no qual é acusado de tentativa de homicídio qualificado.
A vida de Uliarte se complicou depois que as câmeras de segurança mostraram que ela havia acompanhado o namorado e estava a metros da tentativa de assassinato quanto ela aconteceu.
Mudança repentina de visual
Uliarte mudou sua aparência de uma hora para outra. Há pouco mais de uma semana, foi à casa de sua prima mais velha, cabeleireira, e informou que precisava que seu cabelo fosse pintado de loiro. Na ocasião, teria dito que tinha que parecer diferente para que as pessoas não a reconhecessem na rua.
É que ela havia saído em uma reportagem dizendo, entre outras coisas, que “implementar planos sociais é promover a vadiagem”. Desde então, seus vizinhos do bairro central de San Miguel a atacavam enquanto passavam.
Segundo Leonardo Uliarte, pai de Brenda, a jovem é “muito influenciada” pelo namorado e “não sabe onde está metida”.
— Ela não tem interesse por política, então me parece muito estranho que ela tenha falado sobre corrupção. Não é ela — afirmou, em entrevista à Rádio Rivadavia, referindo-se às declaraçoes dadas pela filha dias antes.— Não sei quem é essa pessoa que está falando, essas palavras não são dela.
Entretanto, Eduardo Uliarte, tio de Brenda, afirmou que a sobrinha participou do ataque por “amor” e que o que fizeram “é algo incompreensível”, assegurando que o evento “não foi armado”.
— Vi Sabag duas vezes e ele me pareceu uma pessoa não muito lúcida, mas quem sabe se por amor ou por que fizeram o que fizeram, é algo incompreensível — declarou ao canal C5N.
Ainda de acordo com Eduardo, a sobrinha não tinha amigos e foi criada pela avó, depois de sofrer um estupro na casa da mãe quando criança. Em 2020, engravidou de um homem que ninguém da família conhecia, mas escondeu a barriga durante meses. A criança morreu com poucos dias de vida.
Uma de suas primas confirmou que ela vendia algodão doce. Nas redes sociais, porém, dizia que trabalhava como faxineira na Shell e que cursava a Universidade de Buenos Aires (UBA),embora não tenha terminado o Ensino Médio, de acordo com seu tio.
Fonte: O Globo e La Nacion — Buenos Aires