Conta de luz vai cair 20%? Tarifa extra chega ao fim, mas impacto será diluído no bolso do consumidor
Queda na conta de luz não é um consenso entre os analistas. Na prática, uma redução, se houver, será pequena. Mudança de bandeira deve ser diluída com os reajustes tarifários previstos para as distribuidoras nos próximos meses.
Por Darlan Alvarenga e Luiz Guilherme Gerbelli, g1
08/04/2022 06h00 Atualizado há 3 horas
O anúncio do fim da bandeira de escassez hídrica deve trazer um alívio apenas momentâneo para os brasileiros. A queda na conta de luz, aliás, não é um consenso entre os analistas. Na prática, uma redução, se houver, será pequena.
Na quarta-feira (6), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), anunciou que o fim da bandeira tarifária ‘escassez hídrica’, a partir de 16 de abril, traria uma redução de 20% na conta de luz do consumidor residencial. A bandeira que passará a vigorar será a verde, sem cobrança adicional.
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Faltou explicar, no entanto, que as principais distribuidoras devem passar por reajustes tarifários nos próximos meses e que, dessa forma, o benefício obtido com a mudança da bandeira tarifária deve ser diluído ao longo do ano.
A consultoria PSR, por exemplo, estima um reajuste tarifário de 15% e prevê uma queda na conta de luz de 6,5% Já um exercício realizado pela TR Soluções mostra que, com a mudança da bandeira, a conta deve ter uma redução média imediata de 12,5% – mas, até o final do ano, vai ficar 6,09% mais cara.
As projeções para o impacto na conta de energia destoam porque o cenário para a bandeira tarifária varia entre as empresas. A PSR prevê bandeira verde até o fim do ano; a TR Soluções avalia que a bandeira amarela deve vigorar por alguns meses no segundo semestre.
Os reajustes tarifários são definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e serão influenciados por uma inflação elevada – hoje em dois dígitos.
Os reajustes têm datas distintas para as várias distribuidoras que operam no Brasil. Na cidade de São Paulo, a decisão para a Enel está marcada para julho. Em Minas Gerais, a expectativa é a de que a tarifa da Cemig seja reajustada em maio.
Sistema de bandeiras tarifárias
A bandeira ‘escassez hídrica’ é a que mais encarece o custo da energia e adiciona R$ 14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumidos.
Em vigor desde setembro do ano passado, ela foi criada na tentativa de cobrir os custos adicionais para a geração de energia por conta da falta de chuvas nos reservatórios, como o acionamento das termelétricas – a energia gerada por essas usinas custa mais caro que aquela vinda das hidrelétricas.
As contas de energia passaram a funcionar em 2015 com o sistema de bandeiras tarifárias.
Pelo modelo, as bandeiras, com as cores verde, amarela e vermelha, indicam as condições de geração de energia no país e funcionam como um “semáforo de trânsito” — sinalizando o custo de geração de energia para o consumidor.https://666bdf89e8cac2a011dd8605ffa85347.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Se temos poucas chuvas e as termelétricas estão acionadas, o custo sobe e adotamos as bandeiras amarela ou vermelha. Se os reservatórios estão cheios, não usamos as termelétricas e a bandeira é verde
Fonte: Darlan Alvarenga e Luiz Guilherme Gerbelli, g1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/04/08/conta-de-luz-efeito-fim-bandeira-tarifaria.ghtml