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Extremistas alemães migram para o Paraguai esperando seu paraíso radical: sem impostos, vacinas e muçulmanos 

Atrás de brasileiros e argentinos, alemães são a 3ª maior comunidade de imigrantes do país, que é um dos mais desiguais da América do SulSanti Carneri, do El País06/04/2022 – 07:00

ASSUNÇÃO — Havia 17 alemães da mesma família e nenhum deles tinha se vacinado. Eles desembarcaram em 21 de março no aeroporto internacional do Paraguai — sendo 12 menores — e foram detidos. Enquanto isso, o debate voltava às redes sociais: alguns exigiam que fossem autorizados a passar, e outros pediam obediência às regras e que fossem devolvidos à Europa.

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Os 17 foram expulsos 12 horas depois. No Paraguai, os estrangeiros que não chegam de países vizinhos devem preencher uma declaração informando sobre a vacinação contra a Covid-19: desde 12 de janeiro, quem não tem o esquema vacinal completo não pode entrar. No entanto, ninguém os impediu de voar de Frankfurt para Madri e de lá pegar um avião da Air Europa para Assunção. 

A família alemã pretendia chegar ao interior do Paraguai e comprar um terreno, disse ao El País a mulher do motorista que os esperava do lado de fora, no estacionamento do aeroporto internacional Silvio Pettirossi. Eles não são os únicos que chegam ao Paraguai com esse objetivo. 

Durante a pandemia, a Alemanha se tornou a nação europeia com o maior número de expatriados no Paraguai. Eles já são a terceira maior comunidade de imigrantes do país, atrás de brasileiros e argentinos. Pelo menos 1.644 alemães concluíram o processo para se radicar no Paraguai em 2021, conforme relatado ao El País pela Diretoria de Migração. Quase o triplo de 2020. E, em 30 de março deste ano, outros 575 haviam concluído o processo. 

Alguns religiosos e direitistas veem o Paraguai como um refúgio de antivacinas. Mas os pioneiros dessa onda chegaram antes da crise do coronavírus. Como Witali Fuchs, que chegou ao país em 2016 e mora em Hohenau — uma das mais tradicionais colônias alemãs no sul do Paraguai —, onde fundou sua própria igreja e dirige um fórum na internet sobre a “onda de emigrantes [da Alemanha] para o Paraguai”. 

— Procurei o Paraguai no mapa e Deus falou: chegará a hora e você estará lá. Tive a revelação de que esses tempos chegariam — disse Fuchs à televisão alemã Deutsche Welle há quatro meses. 

Nisso ele não se enganou: os tempos chegaram.

O sonho de uma vida ‘como a anterior’ 

Oficialmente, neste momento há 7.731 alemães vivendo no Paraguai, mas não se sabem quantos realmente são devido às fronteiras permeáveis do país, onde quem quiser pode entrar ou sair caminhando ou navegando por um dos 3.739 quilômetros da fronteira fluvial e terrestre compartilhada com Brasil, Argentina ou Bolívia. 

A embaixada alemã em Assunção lida com números diferentes: o cônsul alemão Frank Gauls estima que entre 22 mil e 30 mil alemães vivam no Paraguai. E acrescenta que, dos 7 milhões de habitantes do país, até 300 mil são de origem alemã, segundo disse ao jornal paraguaio ABC Color. 

Sua chegada está inflando o preço da terra em áreas como Villa Rica, Hohenau, Obligado, Bella Vista ou Colonia Independencia. Lugares habitados por alemães há mais de cem anos, onde sua língua agora predomina misturada com um pouco de espanhol e com o guarani, falado principalmente por paraguaios.

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“Há muitas pessoas de Colônias Unidas que estão vendendo parte de seus terrenos para os gringos”, escreveu o jornal local Última Hora em outubro do ano passado.