Guerra da Ucrânia: Foguetes ‘pombo-correio’ são usados para enviar mensagens que custam até R$ 15 mil
Comércio de recados nos armamentos visa a arrecadar dinheiro para financiar resistência ucraniana contra ataques da Rússia
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Por The New York Times
23/08/2022 04h01 Atualizado há 49 minutos
Foguetes da Ucrânia estão substituindo os pombos-correio e vêm sendo usados para transportar os mais diferentes tipos de recados. Para isso, o interessado desembolsa uma quantia que varia entre US$ 150 (cerca de R$ 770) e US$ 3 mil (cerca de R$ 15,5 mil). O dinheiro arrecadado é usado para financiar a resistência ucraniana contra ataques da Rússia.
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O serviço peculiar é oferecido pela Sign My Rocket (assine meu foguete, na tradução livre), que se descreve como um “correio de artilharia”, e foi criada por Anton Sokolenko, um estudante de tecnologia da informação de 21 anos. Ele diz querer compensar uma queda nas doações ao Centro de Assistência a Exército, Veteranos e Suas Famílias, grupo de caridade do qual se tornou voluntário em março.
Inicialmente Sokolenko usou um canal do Telegram para oferecer o correio. Depois mudou para um site para permitir que clientes internacionais tivessem acesso a ele. Segundo o estudante, os pedidos vêm de todo o mundo, com mais de 95% da escrita em inglês. O site diz que arrecadou mais de US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão) em doações em menos de três meses para caridade.
O site diz que entregou mais de 200 marcadores permanentes aos soldados, que se ofereceram para escrever no armamento e fotografar o resultado em troca de carros, drones ou equipamentos óticos comprados em toda a Europa com os lucros. Sokolenko disse que o centro de assistência tinha muitos contatos nas Forças Armadas e que chegou até os soldados por meio de boca a boca.
Para algumas pessoas, pagar para enviar uma mensagem é uma forma de ajudar o Exército ucraniano. Para outros, é uma chance de expressar sua raiva contra a Rússia. Sokolenko descreveu o processo como uma maneira informal de os pelotões militares se sustentarem.
“Não é muito oficial e não muito permitido. Mas eles precisam fazer isso porque podemos dar a eles coisas que nosso governo não pode agora” – disse Sokolenko.
O Ministério da Defesa da Ucrânia foi procurado e não comentou o assunto.
Mensagens são as mais variadas
Artem Poliukhovych, um ucraniano de 32 anos, estava há um ano pensando em como pedir sua namorada em casamento. Ele cogitou se ajoelhar em uma praia de uma ilha tropical ou fazer a proposta num passeio de balão. No final, decidiu que o pedido fosse escrita em uma munição.
“Pode ser considerado de alguma forma uma proposta agressiva”, disse ele.
A namorada de Poliukhovych disse sim.
As mensagens encomendadas no correio são as mais diversas. Um dos projéteis tinha a inscrição: “Esta é uma bomba gay”. Outro dizia: “Combater o fascismo é um trabalho de tempo integral”. E outro trazia a frase: “Do Vale do Silício com amor”.
Moradora de Chicago, nos EUA, Cristina Repetti, de 32 anos, disse que ficou chocada com a agressividade do presidente russo Vladimir Putin e, por isso, encomendou várias mensagens para amigos e parentes. Ela disse ter sentido desconforto com a ideia de que as armas pudessem ser usadas para matar soldados que poderiam estar na guerra contra sua vontade, mas seu desejo de ajudar a Ucrânia era maior:
“Eu não posso simplesmente sentar e não fazer nada.”
Em uma munição, ela encomendou a mensagem “Eu te amo Vinny”, na esperança de recuperar o namorado:
“Ele gosta de coisas românticas sombrias. E eu pensei que colocar nosso amor em um projétil que vai atingir um tanque russo realmente faria um imprevisto”.
Fonte: Por The New York Times