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Léo Ortiz cresce aprendendo e desafiando pai craque do futsal e brilha com a camisa do Bragantino

Zagueiro é o capitão do Massa Bruta e disputa decisão do torneio internacional neste sábado, 20

De um lado, um pivô campeão do mundo com a seleção brasileira de futsal em 1992. Do outro, um garoto ainda dando os primeiros passos no esporte. A disputa entre eles é frequente. E se você pensa que o primeiro alivia para o segundo, está enganado. Ambos são competitivos. Ambos têm o mesmo DNA. Eles são pai e filho.

O tempo passou e as disputas ainda ocorrem. Mas o garoto cresceu. Tornou-se o zagueiro Léo Ortiz, capitão do Red Bull Bragantino, que disputa neste sábado, 20, a final da Copa Sul-Americana contra o Athletico-PR, às 17h, no Uruguai.

O pai Luis Fernando Roese Ortiz, um dos principais nomes do futsal mundial nos anos 1990, segue ao lado do filho. A disputa entre eles na bola continua desleal, apesar de que agora é o filho que está em vantagem. Mas a competitividade é a mesma. São grandes amigos, mas um não quer perder para o outro nem que seja em uma partida de ping-pong.

Neste sábado, Léo Ortiz promete usar essa competitividade que traz no DNA para parar o ataque do Athletico-PR. É o jogo mais importante da carreira do zagueiro de 25 anos. É hora de colocar em campo tudo o que aprendeu até aqui. Desde os tempos em que tinha que parar um dos principais pivôs da história do futsal brasileiro.

– Desde que sou pequeno, ele foi um cara sempre muito difícil de marcar. Foi um dos melhores jogadores do mundo no futsal. Sempre tinha um desafio de peso toda semana, seja em casa ou em algum clube que iríamos jogar. Era sempre um desafio muito grande, mas sempre gostei. Sempre fomos muito competitivos entre nós, então era um desafio muito bom. Quando ganhava, dava para zoar ele. Quando perdia, também tinha que aguentar. Foi um cara que me ajudou muito – contou Léo Ortiz ao ge.globo.

Ortiz, com troféus conquistados em 1998, e o filho Léo Ortiz — Foto: Arquivo pessoal/Léo Ortiz

– Até hoje temos muita conversa. Ele está sempre acompanhando, mando os vídeos pra ele olhar meus lances. A gente conversa muito. Ele tem a visão do atacante, do cara que joga na frente, de algumas movimentações, percepções que o atacante tem. Isso a gente troca muita ideia. Acabo crescendo muito escutando ele, com as experiências que ele tem – acrescentou.

Sul-Americana

Sob os olhares do pai, Léo Ortiz se prepara para encarar o Athletico-PR neste sábado. A chegada à final da Sul-Americana é histórica não apenas para ele, como para o próprio Bragantino. Essa é a primeira decisão internacional do clube de Bragança Paulista. Há 25 anos o Massa Bruta não disputava uma competição fora do Brasil.

Bragantino na partida contra o Rosario Central-ARG — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

O jogador chegou o Bragantino junto com a empresa Red Bull, que passou a gerenciar o clube em 2019. De lá pra cá, participou da conquista do acesso e do título do Brasileiro da Série B, da campanha que levou o time à Sul-Americana e agora sonha colocar o nome entre os primeiros a conquistarem um torneio internacional pelo Massa Bruta.

– Primeiramente, é um grande objetivo já concluído. Em três temporadas, essa junção, desde que a Red Bull chegou a Bragança, estarmos alcançando uma final continental. É inesperado por ter sido tão rápido. Lógico que a gente sabia da organização, como as coisas andariam, mas talvez não esperássemos que fosse tão rápido. Se falassem, lá na Série B, que em dois, três anos, estaríamos na final da Sul-Americana, acho que muitos pensariam que era loucura – comentou.

Léo Ortiz, zagueiro do Bragantino, na partida contra o Libertad-PAR — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

– Mas lógico que quando você chega na final, seu objetivo é ser campeão. Queremos muito ser campeões, por tudo o que construímos. Acho que merecemos muito. O Athletico também tem méritos, fez uma campanha bonita, mas acho que a gente trabalhou muito desde o ano passado, quando vínhamos em momentos ruins no Brasileiro, ficando 14 rodadas na zona de rebaixamento. Desde a chegada do Maurício, trabalhamos muito para mudar isso, mudar nossa atitude, amadurecer cada vez mais, crescer com as derrotas. Fomos aprendendo. Alcançar uma final de uma competição internacional, com jogadores jovens, que estão crescendo cada vez mais rápido. Um título histórico que podemos conquistar e coroar todo esse projeto que construímos desde a Série B – acrescentou.

Jogadores e comissão do Bragantino festejam classificação para a final — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Paixão de pai para filho

Hoje destaque nos gramados, Léo Ortiz chegou ao futebol pensando em seguir os passos do pai no futsal. Por ser filho do pivô Ortiz, a bola logicamente sempre foi um objeto presente na infância de Léo, natural de Porto Alegre-RS. O pai, entretanto, deixava ele e a outra filha, Fernanda, livres para seguiriam carreira que quisessem. A única exigência é que não poderiam abandonar os estudos.

Léo optou por trilhar o caminho do futsal. Começou na escolhinha Teresópolis, onde o avô era sócio. Depois, passou pelo Ipanema Sports e chegou ao Gaúcho, equipe onde atuou por mais tempo e era treinado por André Jardine, técnico campeão olímpico em Tóquio.

Léo Ortiz, em destaque com a camisa 11, com time de futsal — Foto: Arquivo pessoal/Léo Ortiz

Aos 16 anos, viu-se sem muitas opções de campeonato de futsal para disputar no Rio Grande do Sul. Foi então que André Jardine, que já estava na base do Internacional, convidou Léo Ortiz para migrar para o futebol de campo. O início foi como volante.

– Comecei com 16 anos no campo, um pouco tarde para o normal. A maioria dos caras que eu jogava junto, que fiz base, começou com dez, 11 anos. Cheguei meio perdido, pela dimensão ser diferente. Lógico que algumas características eu sempre tive boas e consegui trazer do futsal, mas a dimensão do campo, o quanto tem que correr, ainda mais de volante. Tive um pouco de trabalho no campo no início. Até me encontrar na zaga por algumas situações – contou.

Na base do Internacional, Léo Ortiz também convivia com o pai dentro do clube. Ele era o coordenador da categorias de base do Colorado. O zagueiro destaca que a relação deles dentro do clube sempre foi profissional, tanto que, segundo ele, muitas pessoas não sabiam que eram pai e filho por causa do distanciamento dentro do clube.

Léo Ortiz e o pai durante passagem pelo Internacional — Foto: Arquivo Pessoal

Profissionalização e turbulência no Inter

Léo Ortiz foi promovido ao profissional do Internacional em 2017, ano em que o Colorado disputaria pela primeira vez o Campeonato Brasileiro da Série B. A equipe era comandada pelo técnico Antonio Carlos Zago, que veio trabalhar com o zagueiro novamente no Red Bull Brasil e no Bragantino.

Léo Ortiz durante treino do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Internacional/Divulgação

A estreia no profissional foi na vitória por 4 a 1 sobre o Oeste, em casa, pela Copa do Brasil. O zagueiro começou a partida como titular.

– Cheguei em um ano complicado para o Inter, um ano que o time tinha sido rebaixado, em 2017. Era a primeira vez do Inter na Série B, a torcida não tinha vivido aquilo nunca. Então, era um momento tenso para subir. Mas subi e logo nas primeiras partidas fui muito bem. Na primeira partida, dei uma assistência. Foi uma das melhores partidas da minha carreira. Criei uma expectativa maior ainda. Mas sabemos que jogador jovem oscila muito. No momento que oscilei para cima, criei uma expectativa muito grande. No momento que oscilei para baixo, foi um momento que a torcida ficou impaciente com o momento do clube – recordou.

Léo Ortiz em treino do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Internacional

– Depois da saída do Zago, que era um cara que me defendia, apostava em mim, acabei ficando um pouco desprotegido e vieram muitas críticas. Acabei indo para o banco. Foi um momento que aprendi muito, amadureci muito. Esse primeiro ano no Inter serviu como uns três, quatro anos de algum outro jogador jovem. Serviu de muito aprendizado. Tiro lições até hoje e procuro estar sempre melhorando e crescendo – acrescentou.

Um episódio se destaca nesse período de turbulência. Na quarta rodada da Série B, o Internacional empatou por 1 a 1 com o Juventude no Beira-Rio, na estreia de Guto Ferreira. O Colorado sofreu o gol de empate aos 40 do segundo tempo. Após a partida, cerca de 200 torcedores foram protestar. E Léo Ortiz era um dos alvos do protesto.

Torcedores do Inter em protesto após empate com Juventude por 1 a 1 — Foto: Tomás Hammes/ge

– Cheguei a ser vaiado no fim, quando pegava na bola. Eu fui o último a sair, estava triste pelo resultado. Estava saindo na zona mista, os repórteres acharam que eu não iria dar entrevista por ser muito novo, pelo o que tinha acontecido. Me perguntaram se eu falaria, aceitei sem problemas. Depois, o segurança veio e perguntou se meu carro estava lá em cima. Falei que a minha família estava esperando. Ele falou para esperar, saírem com carro, porque tinham torcedores me esperando. Depois, minha irmã me contou que chegou um segurança com uma pedra desse tamanho (faz um tamanho grande com a mão) dizendo: ” olha o que estão esperando para assustar”. Foi uma situação que me marcou muito, porque acho que não merecia ter passado por isso, mas foi uma situação que aprendi bastante. Mesmo nesses momentos difíceis, tive a maturidade de aprender – relembrou.

Novos ares e reencontro com Zago

Apesar dessa turbulência no Internacional, Léo Ortiz diz ter gratidão ao Colorado pelo o que viveu e aprendeu no clube. Com a equipe, foram 31 jogos disputados em 2017. No ano seguinte, Léo Ortiz foi emprestado ao Sport.

O atleta fez 17 jogos pelo time pernambucano e marcou um gol. O Leão também não vivia um bom momento, dentro e fora de campo, e acabou rebaixado na Série A. Apesar de não ter tido muita sequência de jogos, Léo Ortiz vê com bons olhos a passagem pela experiência adquirida.

Léo Ortiz em Sport x Salgueiro — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Ao sair do Sport, Ortiz foi viajar com a família e, nas conversas com a irmã e o pai, chegaram a um consenso que deveria ir para um clube fosse atuar. Entre as propostas apresentadas, estava do Red Bull Brasil, que era comandado por Antonio Carlos Zago, que o promoveu no Internacional.

– Eu precisava mostrar meu potencial, minha qualidade. O Zago eu sabia que era um cara que sempre gostou de mim, apostou. Achei que era o melhor lugar. O Tiago (Scuro) queria já deixar meio engatilhado (contrato mais longo), porque tinha a possibilidade da Série B por algum clube. Mas, numa conversa, achei melhor assinar para jogar o estadual. Se fizesse um bom campeonato, poderia arrumar uma Série A. Com tudo que acabamos fazendo no Paulista, chegaram algumas coisas de Série A. Mas nada tão concreto. Preferi continuar. O Zago também tirava minhas características ao máximo. Optei por essa continuidade, foi o maior acerto – destacou Ortiz.

Ligger, Xandão e Léo Ortiz conversam com o técnico Antonio Carlos Zago — Foto: Red Bull / Media Manager

– (O Zago) é um cara extremamente importante. No Inter, foi o cara que sempre teve todo o cuidado para me lançar no momento certo. Acho que isso ele teve um acerto muito grande. E para me proteger nos momentos difíceis, de crítica. Ele sempre pôde me proteger por ser da posição. Zagueiro é uma posição meio ingrata, como goleiro. Ele sempre foi o cara que gostou muito da maneira como eu jogava, das minhas qualidades. Também foi um cara sempre muito crítico com algumas coisas. Sempre me cobrou para evoluir – acrescentou.

Momento no Bragantino e seleção brasileira

Léo Ortiz foi um dos destaques do Bragantino na Série B de 2019 e, desde então, é um dos principais atletas do time. É o capitão da equipe e, apesar de jovem, procura passar aos companheiros o que aprendeu no futebol. Embora ressalte que ainda está aprendendo também, procura ser um dos líderes da equipe com o que aprendeu com outros líderes, como D’Alessandro no Inter, Durval no Sport e o goleiro Julio Cesar no Bragantino.

Léo Ortiz, zagueiro do Bragantino — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

A boa fase rendeu ao atleta convocações para a seleção brasileira. Além de ter sido chamado para jogos das Eliminatórias, o atleta também foi convocado durante a Copa América e foi vice-campeão do torneio com a amarelinha.

– Sensação de orgulho pelo o que venho fazendo. Sensação de orgulho por eles, minha família e namorada, estarem muito presentes, vivenciando esse momento lindo que venho vivendo. Uma campanha gigante na Série A, final da Sul-Americana, chegando na Seleção e indo para Copa América. Sabem o quanto trabalhei para chegar neste nível. Lógico que quero alcançar coisas maiores, mas acho que eles são muito felizes – destacou.

Léo Ortiz em treino da seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

– Fico feliz em estar vivendo tudo isso em um clube, um projeto em um clube que sempre apostou em mim em um momento que ninguém apostaria, que foi em 2019. Um momento de muita desconfiança, até de minha parte mesmo. Então, eles apostaram em mim, durante todo esse tempo vim construindo isso, título da Série B, troféu do Interior, a grande campanha na Série A no primeiro ano, hoje chegando na final da Sul-Americana. Indo para a Seleção em um clube que apostou em mim. Sou muito grato. Quero poder devolver mais coisas, com títulos, convocações, vitórias – completou.

Ortiz diz ter o desejo de jogar na Europa, mas não trata isso como uma obsessão. Diz que ficará feliz caso tenha uma oportunidade, mas também garante que não ficará frustrado caso permaneça no Brasil. Destaca estar feliz no Bragantino e conseguindo manter o legado do sobrenome Ortiz.

– Fico muito feliz por estar levando esse legado, levando nosso sobrenome, que ficou muito conhecido por causa dele. Fomos jogar no Sul esses tempos e um repórter falou: “O Léo Ortiz que me desculpe, mas para mim ele vai ser sempre o filho do Ortiz do futsal”. As pessoas às vezes acham que me incomodo por isso, por ser conhecido por ser filho do Ortiz. Mas, para mim, vai ser sempre uma honra por tudo o que ele construiu. Talvez, tudo o que eu faça ainda vá ficar conhecido como o filho do Ortiz. Zero problemas para mim. Ser conhecido assim é uma honra por tudo o que ele fez no futsal, pelo o que conquistou. Vou sempre batalhar muito para conquistar tudo isso, mas com o nome de Léo Ortiz.

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Fonte: Por Danilo Sardinha