Maioria entre os mil civis que estavam no teatro bombardeado de Mariupol teria sobrevivido, diz Ucrânia
Conforme autoridades, o abrigo antibombas do edifício resistiu ao ataque; vítimas ainda estão sendo resgatadasO Globo e agências internacionais17/03/2022 – 06:24 / Atualizado em 17/03/2022 – 07:08
MARIUPOL — Autoridades estão resgatando com vida os civis que estavam abrigados em um teatro bombardeado na cidade de Mariupol nesta quarta-feira. A Ucrânia acusa a Rússia pelo ataque, que nega a autoria. Estima-se que até mil mulheres e crianças estavam no abrigo antibombas do edifício, que resitiu ao ataque. Ainda não há informações sobre feridos.
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Sergei Taruta, deputado da região de Donetsk, escreveu no Facebook: “Depois de uma noite terrível sem saber, finalmente temos boas notícias de Mariupol na manhã do 22º dia da guerra. O abrigo antibombas [do teatro] aguentou. Os escombros começam a ser removidos. As pessoas estão saindo vivas”.
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Membro do Parlamento de Mariupol, Dmytro Gurin, cujos pais estão presos na cidade, disse à BBC que o prédio [do teatro] estava destruído mas que também recebeu a informação de que o abrigo antiaéreo resistiu e as pessoas que lá estavam sobreviveram.
— Ainda não sabemos se há feridos ou mortos. Mas parece que a maioria sobreviveu e está bem — celebrou.
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Troca de acusações
Imagens de satélite, fornecidas pela empresa MAXAR, mostram que a palavra “crianças” havia sido escrita em dois estacionamentos localizados ao lado do teatro, um tentativa de avisar a militares que havia apenas civs no local. Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse em uma mensagem de vídeo ao Parlamento Europeu que o “russo que bombardeou o teatro é um monstro”.
Nesta quarta-feira, a Câmara Municipal de Mariupol, que antes da guerra tinha cerca de 440 mil habitantes, acusou as forças russas de “atacarem de forma proposital e cínica” o Teatro Dramático, na região central.
“O avião jogou uma bomba no prédio onde centenas de residentes pacíficos de Mariupol estavam se escondendo. Ainda é impossível estimar o tamanho desse ato horrível e desumano, porque áreas da cidade ainda estão sendo atacadas”, afirmou a Câmara ontem à noite, em publicação no Telegram.
Já o Ministério das Relações Exteriores ucraniano classificou a ação como um crime de guerra.
“Ao realizar esse ataque proposital, em uma área onde havia concentração de civis, a Rússia cometeu mais um crime de guerra. E esse crime ocorreu ao mesmo tempo em que a Corte Internacional de Justiça anunciava uma decisão exigindo que a Rússia suspenda suas ações militares na Ucrânia imediatamente”, ressaltou a pasta em comunicado.
O Ministério da Defesa russo negou ter realizado tal ataque, e responsabilizou o Batalhão Azov, uma milícia ucraniana ligada à extrema direita, pela ação. Localizada no Mar de Azov, Mariupol é um dos principais cenários da guerra na Ucrânia: a infraestrutura da cidade foi parcialmente destruída, e aqueles que deixam o local afirmam que corpos estão espalhados pelas ruas — segundo autoridades locais, o número de mortos chegaria a 2.400.