Na disputa por espaços na Esplanada, MDB deseja três ministérios, mas Lula acena com um
Presidente eleito se reuniu com dirigente da legenda para tratar da formação do governo
Por Bruno Góes e Eduardo Gonçalves — Brasília
30/11/2022 04h30 Atualizado há uma hora
m encontro na segunda-feira, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse ao presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que o partido receberá ao menos um ministério no futuro governo. Caciques da sigla esperam ser contemplados, no entanto, com pelo menos três pastas.
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O petista não esclareceu se nomearia a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como uma escolha pessoal ou se ela ocuparia uma vaga no primeiro escalão reservada à legenda. Lula e Baleia se reuniram na noite de segunda-feira no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde trabalha a equipe de transição.
Caso o pleito de emedebistas seja levado em conta por Lula, uma das cadeiras tende a ser ocupada por um senador da sigla, possivelmente o filho de Renan Calheiros, o recém-eleito, Renan Filho, ex-governador de Alagoas. Dessa forma, o PT contemplaria o clã, que trabalhou ativamente pela vitória do presidente eleito desde o primeiro turno.
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O outro posto seria entregue a um deputado. Este poderia ser indicado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, que tem influência sobre a bancada da Câmara.
O terceiro ministério ficaria com Simone Tebet, que terminou o primeiro turno da corrida ao Palácio do Planalto em terceiro lugar e declarou apoio a Lula no segundo turno. O ingresso dela na campanha foi determinante para conquistar parte do eleitorado de centro, fundamental para a eleição do petista. No caso da senadora, o MDB trabalha para que Lula a considere uma escolha pessoal e assim conquistar um espaço mais generoso no governo.
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Na conversa entre Lula e Baleia, o presidente eleito designou dois parlamentares da sua confiança para tratar com o MDB das questões relacionadas ao Congresso — Jaques Wagner (PT-BA), no Senado, e José Guimarães (PT-CE), na Câmara. A bancada de deputados emedebistas deverá acompanhar o PT e apoiar a reeleição do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Os petistas tentam formar o maior bloco partidário da Casa e assim ter direito a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante de todas. No Senado, o partido negocia a formação de um bloco com o União Brasil.
Disputa velada
Desde que a transição começou a engrenar, há uma disputa velada nos bastidores entre o PT e Tebet. Correligionários de Lula veem com bons olhos a indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o Ministério de Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo pagamento do Bolsa Família. Tebet, por sua vez, participa do grupo de transição relacionado ao tema e também é apontada como candidata à vaga. O PT teme, no entanto, que com o forte apelo eleitoral da pasta, ela se cacife para a disputa presidencial de 2026.
Diante da resistência do PT, integrantes do MDB aventam a possibilidade de a senadora dar uma guinada em seu plano inicial e apostar as suas fichas na pasta do Meio Ambiente. A área que ganhou mais importância nos últimos anos, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, cujas políticas voltadas ao setor foram duramente criticadas pela comunidade internacional. Nesse cenário, o próximo chefe da pasta deverá ter alta visibilidade. A disputa por esse ministério também é acirrada, com a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) e a ex-ministra Izabella Teixeira buscando a indicação.
O MDB tenta garantir relevância no futuro governo como forma de compensar a situação delicada que vive no Congresso. Dificilmente o partido vai conseguir lançar um nome competitivo para enfrentar Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara. No Senado, também há um alinhamento pelo apoio à recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao comando da Casa.
Fonte: Bruno Góes e Eduardo Gonçalves — Brasília