Naipe de artista, pique de jogador: ex-zagueiro faz sucesso com grife voltada para o mundo da bola
Marx Ferraz, que jogou no Vila Nova e em outros clubes goianos, pendura as chuteiras e deslancha com loja que atende jogadores do Brasil inteiro
Se dependesse do nome, Marx Freud Santos Ferraz teria sido um filósofo, médico ou psicanalista. Mas a história do goiano de 33 anos passou longe dos consultórios e do mundo acadêmico. Conhecido no futebol como Marx Ferraz, ou apenas Marx na maioria dos clubes onde jogou, o ex-zagueiro pendurou as chuteiras precocemente e agora constrói sua própria história como empresário de sucesso.
No início da carreira, Marx Ferraz atuou na Europa, em clubes da Alemanha e da Dinamarca. Sua trajetória dentro das quatro linhas, no entanto, foi basicamente nos estados de Minas Gerais e Goiás, onde defendeu o Vila Nova e encerrou a carreira há quatro anos, na Aparecidense. O motivo? O sucesso no mundo da moda.
Marx Ferraz sentiu de perto o medo e a insegurança presentes na vida da maioria dos jogadores que atua no Brasil. Sem calendário, o que fazer após os Estaduais? Muitos ficam desempregados quando não conseguem novos contratos em clubes que disputam o Campeonato Brasileiro.
– Passei muitas dificuldades. Às vezes quando o Estadual acaba e seu time não vai bem, você fica desempregado no segundo semestre. Mesmo se for bem individualmente, o coletivo pesa muito. Já fiquei três, quatro meses em casa, sem perspectiva, sem saber o que ia fazer. Já fiquei cinco meses parado, sem receber nada, aí dá um desânimo – disse Marx ao ge.
A solução para melhorar de vida foi encontrada ainda quando ele jogava. Marx Ferraz percebeu que muitos companheiros de time, especialmente nos tempos de Caldense, encomendavam roupas de Goiânia. Como a mãe do então jogador já trabalhava no ramo da moda, com jeans, o zagueiro viu ali uma oportunidade de mudar de vida e montou um loja virtual voltada exclusivamente para o gosto de jogadores de futebol.
– Parei de jogar há quatro anos, com 29. Eu estava na Aparecidense e continuei vendendo roupas. O negócio tomou uma proporção muito grande e eu tive que decidir se continuaria jogando ou se trabalharia com roupas. Percebi que o negócio seria mais importante porque eu já estava com certa idade no futebol. No segmento da moda eu poderia crescer – contou.
– Quando fui para a Caldense, muita gente me pediu para levar roupas de Goiânia, já que Goiânia também se destaca pela moda. Eu já estava procurando algo fora do futebol, minha mãe trabalha com jeans, então tive essa ideia. Voltei para Poços de Caldas e vendi tudo. Eram roupas multimarcas. Quando as roupas acabaram, todo mundo da Caldense falou que eu tinha que criar uma marca para vender. Eu sempre gostei de moda, sempre me vesti bem. Todo mundo falava que eu tinha bom gosto e que daria certo – completou Marx Ferraz.
Antes de abrir a própria loja, Marx Ferraz passou a vender roupas multimarcas e o sucesso continuava. Para se destacar no mercado “boleiro”, ele passou então a produzir as próprias peças, o que reduziu o custo e o valor final, agradando aos clientes. Marx também produz roupas femininas, em menor escala, porque segundo ele é comum que jogadores queiram presentear esposas e familiares.
– Criei algo totalmente voltado para os jogadores, pois sei do estilo que eles gostam. Comecei a fabricar voltado para esse segmento por um preço bem mais em conta. A recepção foi muito melhor do que eu esperava. Consegui agregar as coisas porque sei do estilo que os jogadores gostam e o produto sai praticamente pela metade do preço. Como eu joguei, sei como os jogadores pensam. São roupas mais “slim”, algumas mais neutras, outras mais extravagantes, depende do estilo de cada um. Então, consegui atingir um público maior – diz o hoje empresário.
Marx Ferraz está feliz com o novo ofício e faz um alerta para os jogadores de futebol. Segundo ele, é fundamental planejar a vida antes de pendurar as chuteiras.
– Minha realidade agora é melhor, estou começando e a tendência é só crescer. Jogador tem uma série de dificuldades. Muitos saem de casa muito cedo, não têm estudo e precisam enfrentar barreiras, como o preconceito. Muitos acham que precisam andar bem, morar bem, mas a barreira não é fácil. Quando o jogador para, o que ele vai fazer? Muitos não estão preparados, minha diferença foi essa, eu me preparei.
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Fonte: Por Fernando Vasconcelos