Pacheco tenta conter traições no MDB e União Brasil para se reeleger presidente do Senado
Seu principal adversário, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), costurou aliança com partidos do Centrão, que davam sustentação a Jair Bolsonaro
Por Lauriberto Pompeu — Brasília
27/01/2023 04h30 Atualizado 27/01/2023
Favorito para se reeleger ao cargo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem recebido o apoio formal de partidos que integram a base do governo Lula, mas tenta conter traições com a ajuda do Palácio do Planalto. Nos últimos dias, seu principal adversário, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), costurou uma aliança com os partidos do Centrão, que davam sustentação ao governo de Jair Bolsonaro, e ainda conta com dissidências em siglas como MDB e União Brasil.
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Até agora, PT e PDT já formalizaram o voto em Pacheco, e a expectativa é que o MDB, o PSB e o União Brasil façam o mesmo nos próximos dias. Contando com o PSD, partido do presidente do Senado, o candidato à reeleição tem um grupo de partidos que somam 45 senadores, quatro a mais do que o necessário para ganhar a disputa.
No entanto, a conta não é tão simples, porque o voto é secreto, e as traições são comuns neste tipo de eleição. Marinho tem o apoio formal de seu partido, o PL, do PP e do Republicanos, que juntos formam um grupo de 23 senadores. Além disso, o ex-ministro de Bolsonaro conta com apoios individuais de senadores de partidos que fazem parte do governo Lula, principalmente União Brasil e MDB, além de senadores do Podemos.
No União, por exemplo, os votos de Sergio Moro (PR), Márcio Bittar (AC), Professora Dorinha (TO), Alan Rick (AC), Soraya Thronicke (MS) e Efraim Filho (PB) — metade da bancada — estão na mira de Marinho.
“Alternância de poder”
Moro, que pretende ser um dos principais nomes de oposição a Lula no Senado, tem evitado se posicionar, mas o apoio a Pacheco é considerado improvável. Em conversas com aliados, o ex-juiz da Lava-Jato indicou que deve votar pela “alternância de poder” na Casa.
O líder do União Brasil no Senado, Davi Alcolumbre (AP), porém, tenta convencer a bancada a declarar apoio à reeleição do aliado, mesmo que haja defecções. Alcolumbre foi responsável pela indicação do ministro da Integração Nacional, Waldez Góes. O União tem outros dois nomes no governo — Daniela Carneiro (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações).
Já no MDB, que tem três ministros no governo, a senadora Ivete da Silveira (SC) declarou voto em Marinho. Ivete era a suplente de Jorginho Mello (PL-SC) e assumiu a vaga no Senado após ele ser eleito governador de Santa Catarina.
Em meio a traições entre senadores de partidos aliados, Lula se reuniu ontem com Pacheco a sós na residência oficial do Senado. Mais cedo, o PT havia oficializado o apoio à sua reeleição.
— O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, demonstrou um comportamento em defesa da democracia irrefutável. Eu acho que o melhor terreno para plantar e colher direitos é a democracia— afirmou o líder do PT, Fabiano Contarato (ES).
Mas não é só Pacheco que deve enfrentar traições. Do lado de Marinho, o PL tem o senador Romário (RJ) como exemplo de quem evita assumir um posicionamento. O ex-jogador de futebol é aliado de Pacheco e faz parte da Mesa Diretora do Senado por conta de um acordo costurado pelo presidente da Casa.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também vai concorrer, mas não tem o apoio nem da própria legenda, que ainda não decidiu com quem vai estar na disputa.
Fonte: Lauriberto Pompeu — Brasília