Para contrapor ao Datafolha, campanha de Bolsonaro aposta no ‘voto envergonhado’
Por Naira Trindade — Brasília
15/09/2022 05h48 Atualizado há 3 horas
A campanha de Jair Bolsonaro já traçou uma estratégia para encarar os novos índices da pesquisa Datafolha que será divulgada nesta quinta-feira, seis dias após a última feita pelo instituto. A narrativa para lidar com uma eventual oscilação nos números é afirmar que existe um fenômeno do “voto envergonhado” que as pesquisas não conseguem captar.
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Foi feito até um levantamento tentando mostrar que foram realizadas 94 pesquisas no período eleitoral de 2018 e que nenhuma delas conseguiu capturar os votos envergonhados que fizeram Bolsonaro presidente. Essa versão começou a endossada pelo QG de campanha após a pesquisa Ipec apontar uma diferença de 15 pontos de Lula sobre Bolsonaro.
A ideia no comitê é continuar explorando essa versão para evitar que se crie uma sensação de vitória em torno de Lula.
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Integrantes da campanha também pretendem questionar se a pesquisa — que vai entrevistar presencialmente 5.926 pessoas acima de 16 anos em 191 cidades de todos os estados brasileiros (e esta é a maior amostra feita pelo Datafolha desde o início desta campanha) — chega nos “grotões” que votariam no presidente. Mais uma tentativa de tentar desacreditar pesquisas sérias.
Caciques dos partidos que apoiam Bolsonaro, como PL e PP e Republicanos, têm repetido em reuniões reservadas que os candidatos a deputados relatam crescimento de Bolsonaro no eleitorado no interior do Brasil afora.
Outra estratégia usada no PL para contrapor institutos como Datafolha e Ipec é mostrar os monitoramentos internos contratados pelo partido, que apontam uma diferença menor, considerado empate técnico. Esses dados, porém, não podem ser publicados porque não são registrados no TSE.
Fonte: Naira Trindade — Brasília