Pesquisa Datafolha: veja os desempenhos de Lula e Bolsonaro por segmentos do eleitorado
Petista abre maiores vantagens no Nordeste e no grupo de beneficiários do Auxílio Brasil; presidente supera adversários entre mais ricos e empresários
Por Bernardo Mello — Rio de Janeiro
27/05/2022 04h30 Atualizado há 5 horas
Restando pouco mais de quatro meses para a eleição presidencial, pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira mostra que o ex-presidente Lula (PT) abre suas maiores vantagens para o presidente Jair Bolsonaro (PL) na região Nordeste, entre beneficiários do Auxílio Brasil e entre desempregados. Os três estratos figuram entre as prioridades da pré-campanha petista, que traz entre suas bandeiras o comparativo de indicadores sociais nos governos Lula e Bolsonaro e o desempenho de governadores nordestinos do PT. O atual presidente, por sua vez, se mantém à frente nas intenções de voto entre os evangélicos e os mais ricos, em um panorama similar ao do levantamento anterior, de março.
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No quadro geral, em que a margem de erro é de dois pontos percentuais, Lula tem 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 27%. O pré-candidato que mais se aproxima, Ciro Gomes (PDT), tem 7%.Intenção de votos (em %)48482727LulaBolsonaro0102030405060Lula
48
Mulheres (em %)49492323LulaBolsonaro0102030405060
Embora os cenários da pesquisa estimulada não permitam uma comparação plena, por conta de mudanças na lista de candidatos apresentada aos entrevistados, a contraposição entre este levantamento e os números divulgados pelo Datafolha em março aponta que Lula ganhou mais fôlego em seus principais redutos. Bolsonaro, por sua vez, não perdeu espaço nos grupos onde já tinha mais força.
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Entre os eleitores do Nordeste, a vantagem de Lula chega a 45 pontos, segundo a pesquisa mais recente. Em março, em um cenário que ainda incluía as pré-candidaturas de Sergio Moro (União) e João Doria (PSDB), a distância entre o petista e Bolsonaro era de 35 pontos na região.Nordeste (em %)63631717LulaBolsonaro020406080Ensino Fundamental (em %)57572121LulaBolsonaro0102030405060
O Nordeste é proporcionalmente a região mais atendida pelo Auxílio Brasil, programa lançado por Bolsonaro no ano passado como sucessor do Bolsa Família, introduzido no governo Lula, em 2003. Neste ano, o presidente busca capitalizar eleitoralmente com o aumento do benefício mínimo para R$ 400, que começou a vigorar em janeiro. Entre os beneficiários do Auxílio Brasil, Lula atinge 59% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 20%.Inscritos no Auxílio Brasil (em %)59592020LulaBolsonaro010203040506070
Na disputa simbólica por associar o programa ao governo Bolsonaro, além do aumento do valor, o Ministério da Cidadania planeja a troca de 18 milhões de cartões magnéticos, usados pelas famílias para o saque mensal do benefício, por um formato que leve o nome do Auxílio Brasil. Uma das versões em funcionamento segue com a marca do Bolsa Família. Um grupo de 13 deputados federais de PT, PSB, PCdoB, PSOL e PDT, majoritariamente aliados de Lula, entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada para impedir a troca dos cartões. O argumento é que a troca custaria R$ 324 milhões e não teria razão prática, já que os cartões seguem funcionando.Eleitores desempregados (em %)57571616LulaBolsonaro0102030405060Pretos (em %)57572323LulaBolsonaro0102030405060
Na pesquisa Datafolha, Lula aparece ainda com mais de 40 pontos de vantagem para Bolsonaro entre os desempregados: 57% a 16%. Em que pese a queda na taxa de desocupação medida pelo IBGE no primeiro trimestre deste ano, para 11,1%, voltando ao patamar pré-pandemia, Lula tem procurado ressaltar em discursos que o índice era menor em governos petistas. No fim de 2013, às vésperas da reeleição de Dilma Rousseff, a taxa chegou a ser de 6,3%. Perto do impeachment em 2016, em um cenário de crise desde o ano anterior, o índice havia subido para 11%.Jovens de 16 a 24 anos (em %)58582121LulaBolsonaro010203040506070Católicos (em %)54542323LulaBolsonaro0102030405060
Bolsonaro fica 11 pontos percentuais à frente de Lula na faixa de renda mais alta da pesquisa: entre eleitores que recebem acima de dez salários mínimos, o presidente figura com 42%, contra 31% para o petista. Trata-se de uma vantagem similar à obtida por Bolsonaro na pesquisa de março. O presidente, a exemplo do último levantamento, também vence Lula entre os empresários, agora com 56% a 23%.Renda familiar mensal entre 5 e 10 salários mínimos (em %)37373737LulaBolsonaro010203040Renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos (em %)31314242LulaBolsonaro01020304050
Entre os evangélicos, Bolsonaro manteve-se numericamente na dianteira, mas dentro da margem de erro. Na pesquisa de ontem, o presidente tem 39% no segmento, contra 36% para Lula. Os dados são praticamente os mesmos do levantamento de março.
Fonte: Bernardo Mello — Rio de Janeiro