Renata Silveira, 1ª narradora da Copa na Globo, diz que se prepara ‘2x mais’: ‘A gente não pode errar’
Ela fala da abertura para mulheres na TV: ‘Confesso que não gostaria de ser a primeira, gostaria que outras já tivessem feito isso antes’. g1 conta histórias das profissionais que cobrem Copa 2022.
Por Gabriela Sarmento, g1
25/11/2022 03h00 Atualizado há 3 horas
“A porta está aberta, mulherada. Podem entrar!”. Foi assim que Renata Silveira comemorou a estreia como primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo masculina na TV Globo.
A narradora de 33 anos fez história na disputa entre Dinamarca e Tunísia na terça-feira (22) e segue como principal voz de um jogo por dia desta primeira fase do mundial. Ao todo, serão 11 partidas.
Nesta semana, o g1 conta histórias das profissionais que vão cobrir a Copa em 2022. Veja, de segunda a sábado, entrevistas com comentaristas e narradoras que você já ouviu ou vai ouvir durante os jogos no Catar.
A relação de Renata com a narração de futebol está bem conectada com a Copa do Mundo.
No mundial de 2014, a carioca foi a primeira mulher a narrar um jogo no rádio, quando ganhou um concurso da Rádio Globo. Quatro anos depois, venceu outro concurso da Fox Sports e narrou jogos da Copa de 2018.
Há também outros ineditismos que Renata conquistou. Ela foi a primeira mulher a narrar:
- Um jogo da seleção brasileira em Olimpíadas (Tóquio, 2020) e a primeira mulher a narrar pelo SporTV;
- Uma transmissão na TV aberta na partida da Supercopa feminina;
- Uma partida masculina na TV aberta, no jogo Ceilândia e Botafogo na Copa do Brasil 2022;
- Um jogo masculino na série A entre São Paulo e América-MG;
Claro que são feitos de se celebrar, ainda mais na maior disputa do mundo, mas Renata faz ressalvas com a demora para que o espaço fosse aberto para mulheres.
“Confesso que não gostaria de estar sendo a primeira, gostaria que outras mulheres já tivessem feito isso antes”, diz ao g1.
“Já estava na hora e vejo daqui para frente, em 2026, com outras narradoras também transmitindo a Copa”.
Para construir a narração que apresenta hoje em dia, Renata não tinha mulheres para ter como referência. Ela que vai ser exemplo, a partir de agora, para tantas pessoas.
“É muito maior, a gente não vai estar falando só com quem quer ser jornalista esportiva, mas com todas as meninas que vão poder passar a gostar de futebol e de falar de futebol a partir dessa Copa”.
A carioca acredita que a demora para mulheres narrando, comentando e até como repórteres esportivas está conectada com a presença feminina no esporte: “A gente foi acreditando que o futebol não era pra gente”.
No exercício da narração, a meta é aliar informação, mas com leveza, uma união entre jornalismo e entretenimento, na visão dela.
“Gosto muito de informar de estudar, de ter aquela coisa do jornalismo mesmo, mas o futebol precisa de muita leveza, ser mais descontraído, puxar um pouco para o entretenimento. É saber equilibrar”.
Fonte: Gabriela Sarmento, g1