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Saiba como será a tirolesa de 755 metros no Pão de Açúcar, cartão-postal do Rio

A nova forma de vivenciar as maravilhas do Rio, segundo os idealizadores do projeto, ressignificará o turismo com um convite a uma aventura segura, sustentável e acessível a todos

Por Rafael Galdo — Rio de Janeiro

03/03/2023 04h30  Atualizado há 46 minutos

Será um salto que partirá de 395 metros de altitude, entre o Pão de Açúcar e o Morro da Urca. Radical? Com certeza! E também uma experiência completamente diferente para admirar as belezas cariocas. É o que promete ser a tirolesa do Parque Bondinho Pão de Açúcar, já em construção e com previsão de ser inaugurada no início do segundo semestre deste ano.

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Como será a aventura no Pão de Açúcar ?

  • A tirolesa terá 755 metros e a velocidade máxima será de 100 km/h
  • Serão quatro vias de descidas paralelas, com partidas e chegadas em plataformas próximas às estações do teleférico.
  • De capacete e proteção facial, o aventureiro vai se acomodar numa cadeirinha de tecido ultrarresistente, presa por equipamentos de ponta aos cabos.
  • Nenhum objeto solto será permitido, para não haver risco algum de que caia lá de cima. Óculos, carteiras e chinelos serão guardados numa mochila acoplada à cadeirinha da tirolesa.
  • O passeio será acessível a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
  • A capacidade da tirolesa não passará de 100 pessoas por hora.
  • Serão 52 empregos diretos gerados.

Na futura atração, os visitantes vão percorrer 755 metros pelos ares, içados por cabos, numa descida de aproximadamente 50 segundos, podendo atingir a velocidade máxima de 100km/h. A nova forma de vivenciar as maravilhas do Rio, segundo os idealizadores do projeto, ressignificará o turismo com um convite a uma aventura segura, sustentável e acessível a todos.

Há críticos da interferência no monumento natural. Mas o CEO do parque, Sandro Fernandes, assegura que todas as licenças necessárias foram obtidas junto a órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com os impactos do empreendimento estudados e debatidos. Ele detalha que a tirolesa, um investimento de R$ 50 milhões, terá quatro vias de descida paralelas, com partidas e chegadas em plataformas próximas às estações do teleférico. Os cabos, diz o executivo, serão quase imperceptíveis na panorâmica da cidade, com 15 milímetros de diâmetro, bem menos que os 50 milímetros que sustentam o bondinho. Já as sensações provocadas por essa viagem pelo cartão-postal devem ser daquelas que ficarão marcadas para sempre na memória.

— Lá do alto, vai se descortinar a cidade mais linda do mundo, com suas praias e montanhas. Será uma imersão também no ambiente da Mata Atlântica, que na década de 1970 já não existia no parque, mas que reflorestamos. Fizemos uma simulação com drone, e posso garantir: será um passeio tranquilo e suave — afirma Fernandes sobre a descida, que terá controle magnético da velocidade.

Segurança nas alturas — Foto: Editoria Arte

Segurança nas alturas — Foto: Editoria Arte

Segurança reforçada

Ele conta que, antes da diversão nas alturas, os visitantes ouvirão explicações sobre o Pão de Açúcar e a atividade integrada à natureza, receberão instruções de segurança e, por fim, vão se paramentar para a descida. O capacete, com um toque de ficção científica ou das altas performances olímpicas, inclui proteção facial. O aventureiro, em seguida, vai se acomodar na cadeirinha de tecido ultrarresistente, presa por equipamentos de ponta aos cabos da tirolesa. Estará tudo pronto, então, para se lançar à coragem.

— Vamos trazer esse esporte a um outro patamar, com o mesmo nível de segurança reconhecido há 110 anos no bondinho — diz Fernandes. — Um sistema eletrônico-digital, com sensores, jamais permitirá que uma pessoa parta da rampa no Pão de Açúcar enquanto a que desceu anteriormente não tiver saído da via — exemplifica o CEO.

Há ainda outra medida essencial para proporcionar a curtição sem sobressaltos. Nenhum objeto solto será permitido, para não haver risco algum de que caia lá de cima. Óculos, carteiras, bonés, chinelos e qualquer outro pertence serão guardados numa mochila acoplada à cadeirinha da tirolesa. Isso inclui, claro, câmeras fotográficas e celulares. Mas não se preocupe: a experiência não deixará de fora aquelas fotos para registrar o momento e postar nas redes sociais. Está nos planos a instalação de câmeras na saída e na chegada das plataformas. Imagens da jornada poderão ser obtidas em seguida.

Fernandes ressalta também que o passeio será acessível a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Uma empresa especializada em acessibilidade foi contratada para não deixar escapar qualquer detalhe, com o objetivo de que a tirolesa ofereça equidade a quem quiser viver a atração.

Pesquisa com visitantes

Mesmo que, em um primeiro momento, a ousadia de descer do Pão de Açúcar ao Morro da Urca pendurado por cabos possa significar frio na barriga, e até vertigem para alguns, uma pesquisa encomendada à empresa QWST apontou que a maioria aprova a ideia. De outubro de 2021 a novembro de 2022, 10.563 visitantes do Parque Bondinho Pão de Açúcar responderam se topariam a aventura da tirolesa, caso tivessem a oportunidade. No final, 57% garantiram que sim. Outros 19% disseram que talvez. E só 24% responderam que não gostam de atividade radical.

Um grupo que inclui montanhistas, porém, tem se oposto à obra, com argumentos como a interferência na paisagem e a alegação de que faltariam informações suficientes sobre o projeto. As contestações deram origem a um abaixo-assinado. “Será que o número de turistas atraídos compensa o impacto ambiental na unidade de conservação? E o impacto na vizinhança, foi avaliado? A própria estrutura de transporte para o topo comporta o impacto do público?”, questiona o documento.

Anteontem, um ofício da Secretaria municipal do Ambiente e Clima (Smac) chegou a determinar que parte da obra — a perfuração de rochas — fosse paralisada até que seja obtido um nada a opor da Geo-Rio. O Parque Bondinho Pão de Açúcar reitera que “apenas uma das atividades foi suspensa para análise de informações complementares”. Já a secretária da pasta, a arquiteta Tainá de Paula, explica que, desde o início de janeiro, cinco vistorias foram realizadas no local. Circunstancialmente, nas mais recentes, verificaram-se perfurações que não estavam previstas no projeto. Por isso, diz ela, foi pedido um novo laudo.

— Redobramos a fiscalização da Patrulha Ambiental. E vamos acompanhar com rigor obras num patrimônio tão emblemático para o Rio — afirma Tainá. — Do ponto de vista urbanístico, as obras estão de acordo com os parâmetros da prefeitura.

Até cem pessoas por hora

Sobre preocupações da vizinhança a respeito da poluição sonora da tirolesa, a secretária lembra que o projeto promete capacetes acústicos para reduzir ruídos dos gritos dos visitantes, enquanto se espera que o barulho da operação do maquinário não se distingua do que ocorre hoje com os bondinhos. Além disso, lembra que a supressão de vegetação para as obras não é significativa, mas que, em compensação, está em curso um processo de reflorestamento e recuperação ambiental no local.

Já o CEO Sandro Fernandes ressalta que a capacidade da tirolesa não passará de cem pessoas por hora, o que não significaria um aumento de fluxo no parque. Hoje, esclarece Fernandes, os bondinhos carregam até mil pessoas por hora montanha acima — ou seja, dez vezes mais do que suportará a tirolesa. Ele destaca ainda que o processo para que a novidade começasse a sair do papel durou anos. E que, além do Iphan, foram emitidas licenças de outros quatro órgãos, entre eles, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e a própria Smac.

— No IRPH, por exemplo, uma banca eclética de representantes da sociedade civil participou das discussões. A Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio também esteve nesse trâmite, e as secretarias municipais aprovaram. Causa estranheza agora que alguns grupos digam que não sabiam de detalhes do projeto — diz ele.

Muito pouco está por definir, segundo Fernandes. O preço do tíquete para a atração é um desses pontos. Ele não tem dúvidas, porém, do quanto a novidade significará para o turismo na cidade, onde uma tirolesa faz sucesso nas edições do Rock in Rio, mas com poucas opções permanentes para as descidas radicais.

— Serão 52 empregos diretos gerados. Mas tenho certeza de que toda a cadeia do turismo será beneficiada — conclui ele.

Fonte: Rafael Galdo — Rio de Janeiro

https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/03/saiba-como-sera-a-tirolesa-de-755-metros-no-pao-de-acucar-cartao-postal-do-rio.ghtml?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo