Aeronáutica vai controlar espaço aéreo da terra Yanomami para combater garimpo ilegal
Órgãos federais atuando na região, incluindo PF e Ibama, atuarão na “neutralização de aeronaves e de equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território Yanomami”.
Por Matheus Moreira, g1
31/01/2023 06h36 Atualizado há um minuto
Um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autoriza a Aeronáutica a controlar o espaço aéreo sobre a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para combater o garimpo ilegal enquanto durar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
A Aeronáutica criará uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA), que controlará “todos os tipos de tráfego aéreo suspeito ilícito.
Nos casos em que forem constatadas atividades ilícitas, a Polícia Federal, o Ibama e os demais órgãos da administração pública federal poderão atuar como polícia administrativa. Uma das competências desses órgãos será neutralizar aeronaves e equipamentos relacionados com a mineração ilegal no território Yanomami.
O acesso de pessoas ao território Yanomami também consta no decreto. “Acesso de pessoas ao território Yanomami ocorrerá de acordo com o disposto em ato conjunto editado pelo Ministro de Estado da Saúde e pelo Ministro de Estado dos Povos Indígenas, com vistas à prevenção e à redução do risco de transmissão de doenças e de outros agravos.”
O decreto também determina que a Força Nacional de Segurança (FNS) pode atuar para proteger equipes de saúde e de assistência no território Yanomami.
Ao Ministério da Defesa caberá fornecer dados de inteligência e transporte aéreo logístico das equipes da PF, Ibama, e outros órgãos federais atuando na região.
Emergência de saúde no território Yanomami
16.jan: Ministério da Saúde envia missão à Terra Yanomami para fazer diagnóstico
- Ministério da Saúde envia equipe para a Terra Indígena Yanomami, na floresta amazônica, para fazer diagnóstico sobre a situação da saúde dos indígenas.
- A região é alvo de garimpo ilegal, que causa poluição de rios e contaminação de peixes por mercúrio, levando à graves danos ambientais e até problemas neurológicos em indígenas. Os garimpeiros também promovem ataques armados às comunidades Yanomami na região.
- O território é assolado pela Malária e pela desnutrição. Segundo a Unicef, da ONU, 80% das crianças Yanomami com menos de 5 anos tem desnutrição crônica. Leia mais.
20.jan: Ministério da Saúde decreta emergência de saúde pública em território Yanomami
- Ministério da Saúde declara emergência de saúde pública no território Yanomami após o registro de casos de desnutrição severa e de malária. Leia mais.
20.jan: Lula decreta criação de Comitê de Coordenação Nacional
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a criação Comitê de Coordenação Nacional para discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população. Comitê trabalhará por 90 dias, prazo que pode ser prorrogado. Leia mais.
21.jan: Lula visita território Yanomami
- Lula foi a Roraima para tratar sobre a crise sanitária na saúde na Terra Yanomami. O presidente da República visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami e classificou como desumana a situação vivida pelos indígenas em Roraima.
- Lula estava acompanhado de sete ministros de Estado, incluindo as ministras da Saúde, Nísia Trindade, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
- “Se alguém me contasse que em Roraima tinham pessoas sendo tratadas dessa forma desumana, como vi o povo Yanomami aqui, eu não acreditaria. O que vi me abalou. Vim aqui para dizer que vamos tratar nossos indígenas como seres humanos.” Leia mais.
21.jan: Lula diz que vai acabar com garimpo ilegal, mas não detalha
- Durante a visita a Roraima, Lula disse que acabaria com garimpo ilegal, mas não explicou como fará isso. “Já se tentou outras vezes, mas eles voltam”.
- Cerca de 570 crianças morreram na região por contaminhação por mercúrio, desnutrição e fome —tudo causado pelo garimpo ilegal na região. Leia mais.
21.jan: Ministro da Justiça determina inquérito para apurar genocídio e crimes ambientais na Terra Yanomami
- O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou abertura de inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
- Dino afirma que Lula determinou que “as leis sejam cumpridas em todo o país” e que “há fortes indícios de crime de genocídio, que será apurado pela Polícia Federal”. Leia mais.
22.jan: MS abre inscrições para atuação de profissionais da saúde no território
- O Ministério da Saúde abriu inscrições para cadastro voluntário de profissionais que queriam atuar na Terra Yanomami por meio da Força Nacional do SUS. Leia mais.
23.jan: PF investigará se houve omissão de agentes públicos
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a Polícia Federal começaria a investigar se houve omissão de agentes públicos, levando à crise humanitária na Terra Indígena Yanomami. Ministro diz que há indícios de que agentes públicos em todos os escalões tinham conhecimento da crise, mas nada fizeram para solucioná-la. Leia mais.
23.jan: MPF diz que crise se deve à omissão durante governo Bolsonaro
- Ministério Público Federal afirma que entre 2019 e 2022 o governo federal foi cobrado mais de uma vez para atuar contra invasores de terras indígenas no país.
- Para o MPF, o Estado, chefiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi omisso. Leia Mais.
Prorrogação da Força Nacional no território indígena Pirititi
Uma portaria, também publicada nesta terça-feira (31), prroga por 60 dias a atuação da Força Nacional no território indígena Pirititi, em Roraima.
Os agentes de segurança da FNSP atuarão em apoio à FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) ” nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado”.
O território indígena Pirititi tem a presença de indígenas isolados e fica na área da cidade de Rorainópolis, a cerca de 260 quilômetros de distância da capital do estado, Boa Vista.
A região tem restrição de circulação de não indígenas. Com a medida, apenas os funcionários do quadro da Funai poderão ingressar, locomover-se e permanecer na região.
A interdição foi aprovada em novembro de 2022 após um acordo entre o Ministério Público Federal e a Funai. O território vem sendo interditado desde 2012 após a Funai identificar um grupo isolado de indígenas Pirititi, segundo o portal Terras Indígenas no Brasil, do ISA (Instituto Socioambiental).
Além disso, a Funai informou que vai concluir os relatórios de identificação e delimitação da terra indígena até fevereiro de 2025. O MPF já havia ingressado com uma ação que pedia a demarcação o mais rápido possível.
As primeiras interdições no território Pirititi tinham validade de três anos, porém, em 2021, sob governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as interdições caíram para seis meses.
Os Pirititi são ameaçados por garimpeiros, colonos e madeireiros que, ainda de acordo com o ISA, por terem conhecimento dos prazos de interdição, aguardam o vencimento da portaria para invadir a área.
Fonte: Matheus Moreira, g1