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Americanas: Com suspensão das vendas on-line, empresa já perdeu quase R$ 3,5 bi em valor de mercado

Para analistas, falta de informação sobre ataque pode afetar imagem do grupoCarolina Nalin e Camilla Alcântara23/02/2022 – 00:00 / Atualizado em 23/02/2022 – 08:07

RIO –  Com suas principais plataformas de comércio eletrônico sem operar desde o fim de semana, após a suspensão preventiva dos servidores da companhia sob a suspeita de invasão aos sistemas, o grupo Americanas enfrenta uma forte queda das ações na Bolsa.

A empresa controladora das Lojas Americanas e dos sites de vendas Americanas.com, Submarino e Shoptime, amarga uma perda de pelo menos R$ 3,488 bilhões em valor de mercado, apontam dados da consultoria Economática. O grupo terminou o pregão desta terça-feira avaliado em R$ 26,4 bilhões.

Americanas:  No terceiro dia com sites sem funcionar, consumidores e vendedores não conseguem informações

Mas os danos podem ser ainda maiores, como o efeito na reputação das marcas e o espaço aberto para concorrentes num setor altamente competitivo como o comércio eletrônico, apontam analistas.

— Essa perda (em valor de mercado) está muito focada no problema que a Americanas está enfrentando na sua operação e a incerteza relacionada a isso. E essa incerteza tem feito o mercado penalizar a empresa — explica Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional da Economatica. 

Volatilidade dos papéis

Vitor Aguiar, analista do TC Matrix, compara o caso da Americanas com um ataque cibernético sofrido por outra varejista, a Renner, em agosto do ano passado. A rede de lojas de departamentos também tirou sua plataforma de e-commerce  do ar e comunicou logo ao mercado que estava sob um ataque hacker.

Ele destaca que não há, até o momento, um comunicado claro por parte da Americanas de que a companhia experimentou um ataque cibernético. Isso pode pode alimentar uma incerteza maior entre os investidores, gerando maior volatilidade nos papéis da empresa:

— No caso da Americanas, é pior o site ficar fora do ar porque ela é mais dependente do on-line que a Renner, que é focada em vestuário e tem uma venda física robusta, onde aproximadamente 16% das vendas vêm do on-line.

Ainda assim, ele ainda não vê riscos para a Americanas no longo prazo:

— Na minha opinião, acho que vai ser só um soluço, a ação tende a caminhar para o valor que estava anteriormente. Segunda e terça foram dias tensos para o mercado global com a situação da Rússia e Ucrânia. E o varejo em si é um setor que têm sofrido com a pressão inflacionária, alta de juros, disse.

E acrescentou:

— Como perspectiva de mais longo prazo, não vejo isso sendo nada significativo. O cenário-base é o de que a empresa vai arrumar o site e a trajetória da ação vai depender do cenário macroeconômico.

Dano à imagem

Na avaliação de Dario Menezes, diretor da Caliber, empresa de gestão de reputação de marca, embora a Americanas tenha uma espécie de colchão e “musculatura reputacional” sólida e “bem construída ao longo dos últimos anos”, a empresa cria um certo grau de incerteza para o público consumidor com o prolongar da crise atual.