Análise: Atlético-MG tem resultado amargo, mas mostra intensidade surpreendente na Libertadores
Galo deixa vitória escapar, e terá missão ainda mais árdua diante do atual bicampeão do torneio
Por Fred Ribeiro — Belo Horizonte
04/08/2022 04h00 Atualizado há 3 horas
O gol de Danilo nos acréscimos foi um balde de água fria. O torcedor do Atlético-MG precisará, nos próximos dias, resgatar motivos para confiar em uma vitória no Allianz Parque, e se manter vivo na Libertadores. Porém, contra o adversário mais poderoso da competição, o Galo demostrou força surpreendente.
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O empate de 2 a 2 deixa tudo em aberto, na teoria. O Palmeiras terá a óbvia vantagem de ir atrás de uma vitória simples diante do seu torcedor, na próxima quarta-feira. O Atlético tinha a faca e o queijo na mão para a vitória diante do atual bicampeão continental. Mas faltou fôlego, e também atenção aérea.
O cansaço bateu num time que correu demais no primeiro tempo, e sufocou a toda poderosa equipe de Abel Ferreira, que não perde como visitante na Libertadores há inacreditáveis 20 jogos. O Palmeiras, além de tudo, é o líder do Brasileiro, disparado.
O Atlético voltou a perder gols na cara. Um pecado que é mortal no fim das contas. Com Keno (duas vezes) e Ademir. O gol de Hulk fez justiça a uma imposição tática e técnica do Galo no primeiro tempo. Logo no segundo, Keno se redimiu em ótima jogada individual. O Palmeiras pouco assustava no contra-ataque, especialidade da casa.
Cuca iria colocar Nacho Fernández em campo. Era o nome ideal para cadenciar, dar outro ritmo para a partida, impedir que o Palmeiras crescesse na construção. Porém, veio a pitada de sorte do competente time de Abel Ferreira nas bolas paradas.
Gustavo Scarpa desequilibrou, mas contou com falhas do Atlético. A falta batida por ele na trave foi cometida por Keno em Veiga após erro na saída de bola de Otávio. Foi a fagulha que acendeu a fogueira palmeirense. No rebote da falta, uma fração de segundos para Murilo – autor do gol contra na jogada de Keno – diminuir, de bate-pronto, em puro reflexo. Neste momento, o ímpeto do Atlético ficou abatido, visivelmente, com cansaço físico acumulado após um primeiro tempo a 100 km/h.
Enquanto Everson pegava a bola no fundo das redes para a partida recomeçar, era o jovem e inexperiente Rubens que balançava os braços tentando puxar o ânimo coletivo. A torcida, que deu show nas arquibancadas e voltou a lotar o Mineirão – com direito a mosaico de celular e tudo -, tentou empurrar para o terceiro gol. A vantagem de 2 a 1 não era das melhores.
E caiu por terra. Mais um vacilo defensivo pelo alto. Quem entrou no segundo tempo no Atlético pouco ou quase não contribuiu. Eduardo Vargas entrou fora de compasso. Errou passes. E falhou ao não acompanhar Dudu na cobrança de escanteio de Scarpa já nos 48 minutos do segundo tempo. Um empate doloroso.
Mas é outro Atlético. Não se compara com o que foi facilmente derrotado para o Internacional em Porto Alegre. Muito menos aquele que sequer acertou o gol do Flamengo na Copa do Brasil. Com certeza será preciso mais do que um ótimo primeiro tempo para passar pelo Palmeiras na quarta-feira que vem.
Hora de esfriar a cabeça e esquentar o coração, como gosta de dizer Abel Ferreira, a mente por trás de uma equipe com relação intrínseca com essa Libertadores, na qual o Galo segue vivo para tentar uma classificação histórica e, naturalmente, heroica.
Fred Ribeiro — Belo Horizonte