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Encontro entre líderes das diplomacias da Rússia e da Ucrânia termina sem acordo na Turquia

Chanceler ucraniano diz que reunião não levou a nenhum progresso; russo diz que intenção não era discutir cessar-fogo, mas desmilitarização do país vizinhoO Globo e agências internacionais10/03/2022 – 06:20 / Atualizado em 10/03/2022 – 08:29

ANCARA – Terminou sem  acordo a reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, na na Turquia, nesta quinta-feira, nas primeiras conversas diretas entre os chefes da diplomacia dos dois países desde que Moscou invadiu seu vizinho, em 24 de fevereiro.

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Em uma entrevista após o encontro, Kuleba disse que nenhum progresso foi feito para alcançar um cessar-fogo nas negociações. Segundo ele, a situação mais difícil é a da cidade ucraniana de Mariupol, no Mar de Azov, que está cercada.  O ucraniano afirmou que Lavrov não se comprometeu com um corredor humanitário na cidade.

Kuleba afirmou que havia estabelecido três principais reivindicações da Ucrânia antes da reunião com Lavrov:  um cessar-fogo, uma melhoria da situação humanitária nas cidades sitiadas e a retirada das forças russas do país. No entanto, disse ter entendido que a Rússia seguirá com as agressões até ter suas demandas impostas, mas que seu país não capitulará à invasão.

— Queríamos discutir um cessar-fogo, mas não houve avanços nessse sentido — afirmou Kuleba à imprensa. — Quero repetir que a Ucrânia não se rendeu, não se rende e não se renderá.

Kuleba disse que está pronto para outros encontros nesse formato.

Já Lavrov afirmou que a reunião deixou claro “não haver alternativa” ao formato de diálogo entre delegações na Bielorrússia. Comitivas dos dois países já se encontraram três vezes perto da fronteira entre Ucrânia e Bielorrússia, produzindo avanços, como a negociação de um corredor humanitáro. É este o formato que deve ser seguido, segundo Lavrov:

— A reunião de hoje confirmou que o formato russo-ucraniano na Bielorrússia não tem alternativa — afirmou.

Apesar disso, ele não descartou um encontro entre Vladimir Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelesnky, contanto este tivesse uma pauta específica:

— Diissemos que Putin não se recusaria a se encontrar com Zelensky,, mas qualquer contato deveria ser substanciado em algo específico — disse.

A invasão da Rússia deslocou mais de 2 milhões de pessoas no que as Nações Unidas chamam de a crise humanitária mais rápida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

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‘Boa fé’

Antes das negociações, Kuleba instou Lavrov a abordá-las “de boa fé, não de uma perspectiva propagandística”.

— Direi francamente que minhas expectativas em relação às negociações são baixas — disse Kuleba em um comunicado em vídeo na quarta-feira. — Estamos interessados em um cessar-fogo, liberando nossos territórios e o terceiro ponto é resolver todas as questões humanitárias.

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Imagens de televisão  divulgadass mostraram as delegações russa e ucraniana sentadas em mesas de frente uma para a outra, de cada lado de uma delegação chefiada pelo ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu. A Turquia, que mantém boas relações com os dois países, busca ter protagonismo durante a crise.

Moscou disse que todas as suas demandas — incluindo que Kiev tome uma posição neutra e abandone as aspirações de ingressar na aliança da Otan —  devem ser atendidas para encerrar seu ataque.

As delegações dos dois países realizaram três rodadas de negociações anteriormente, duas na Bielorrússia e uma na Ucrânia. Apesar de alguns sinais positivos sobre os arranjos humanitários, essas negociações tiveram pouco impacto.