Filhos de exilados do regime Pinochet viram ministros do novo governo chileno; saiba quem são
Titulares de pastas como Saúde e Justiça nasceram ou cresceram no exílio. Neta de Salvador Allende ocupará o Ministério de Defesa
Por g1
11/03/2022 00h30 Atualizado há 8 horas
O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, que toma posse nesta sexta-feira (10), vai usar seus ministérios para fazer uma espécie de reparação política da ditadura de Augusto Pinochet. Seis dos 24 ministros já escolhidos por Boric nasceram no exílio ou fugiram do país com suas famílias quando crianças.
Uma delas é a bióloga Maya Fernández, neta do ex-presidente do Chile Salvador Allende. Fernández, que cresceu exilada em Cuba será ministra da Defesa do novo governo.
“Acredito que nossa própria história é importante para o que queremos para o futuro. Imagino que cada um das ministras ou dos ministros que morou fora também viveu uma experiência e um aprendizado e acho que isso é importante”, disse ela à AFP.
Outras duas pastas importantes serão também comandadas por exiladas na infância. Marcela Ríos, que teve de fugir do país com a família, aos 13 anos será a titular do Ministério de Justiça e Direitos Humanos do Chile. Já Antonia Urrejola, que deixou o país com os pais aos 6 anos, se transformará na chanceler chilena do governo de Boric.
A futura titular da pasta da Saúde, Begoña Yarza, também cresceu exilada em Cuba, e Alexandra Benado, que será ministra do Esporte, nasceu já fora do país, na Suécia, onde seus pais se exilaram. A mãe de Benado, que era militante do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), foi depois assassinada durante a ditadura de Pinochet, quando a família se mudou para Cuba.
Outro futuro ministro que também nasceu já exilado é o biólogo Flavio Salazar, que ocupará o cargo de ministro da Ciência.
A intenção do novo governo é tentar aproximação com parte da população chilena que também teve que se exilar no período, e ainda com parentes de presos políticos e torturados pela ditadura de Pinochet. É o caso da ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, que, com sua mãe, foi presa e sofreu tortura.
“Vamos fazer políticas públicas não só em relação à justiça, à verdade, mas também políticas de memória”, afirmou a futura ministra da Justiça, Marcela Ríos, à AFP.