Milhares de pacientes aguardam por cirurgias eletivas pelo SUS
Operações foram adiadas porque atenções estavam voltadas exclusivamente para os pacientes com Covid. Hoje, a oferta de procedimentos é muito pequena para o tamanho da demanda.
Por Jornal Nacional
04/03/2023 20h40 Atualizado há 2 horas
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Milhares de pacientes aguardam por cirurgias eletivas pelo SUS no Brasil
A pandemia de Covid agravou um problema histórico na saúde do Brasil: a fila de espera para cirurgias.
A autônoma Deise Lima de Almeida foi parar numa cadeira de rodas após uma lesão no joelho. Há mais de um ano, ela espera para fazer um procedimento pelo SUS que, segundo o médico, deveria ser de urgência.
“Ele disse que eu vou ficar com limitação devido à demora porque teve uma cicatrização errada no meu joelho”, conta Deise.
A espera do agricultor Charles Jardel Brock da Silva começou em 2019. Ele precisa colocar uma prótese no quadril. Aos 32 anos, parou de trabalhar na lavoura por causa da dor e dos movimentos limitados.
“Eles me chamam para as consultas, mas só consulta. Não tem o que fazer”, desabafa o agricultor.
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Noventa e uma mil pessoas aguardam cirurgias pelo SUS no Rio Grande do Sul. A fila para fazer a primeira consulta com especialistas é ainda maior: chega a 309 mil. O estado vai investir R$ 50 milhões para tentar diminuir o tempo de espera dos pacientes. Um termo de cooperação com o Tribunal de Justiça também liberou R$ 94 milhões para cirurgias, consultas e exames de pessoas com câncer.
“Nós fizemos contratualizações, os hospitais começaram a fazer os procedimentos e já temos alguns resultados positivos”, explica a secretária da Saúde do RS, Arita Bergmann.
Consequências da pandemia de Covid
Essa longa espera é resultado do que os hospitais viveram nos últimos três anos. Durante vários períodos, as cirurgias eletivas foram adiadas porque as atenções estavam das equipes médicas voltadas exclusivamente para os pacientes com Covid. Hoje, a oferta de procedimentos é muito pequena para o tamanho da demanda.
No Paraná, 200 mil pessoas aguardam por cirurgias eletivas. Para desafogar essa demanda represada, o Ministério da Saúde criou um programa que prevê o repasse de R$ 600 milhões. Os estados têm que elaborar um plano de prioridades de atendimento para receber o dinheiro.
É uma esperança para a dona de casa Raquel dos Santos Ferreira, de Tocantins, que há três anos espera a retirada de duas hérnias.
“Só não incomoda se eu não fizer nada, mas como tenho três filhos para criar, eu preciso fazer minhas coisas como dona de casa, então dói o tempo todo”, conta Raquel.
Em Goiás, a maior procura é pela área de ortopedia. Mais de 6,7 mil pessoas aguardam por procedimentos. Com uma curvatura na coluna, a Sofya, de 10 anos, teve a cirurgia recomendada em julho do ano passado. A mãe espera que agora a fila avance.
“É muito difícil para mim ver ela nessa situação, sentindo dores, não dormindo à noite, sendo prejudicada na escola porque não consegue mais nem escrever que dói. Todo tempo fica sentada, mesmo numa cadeira adaptada”, explica a mãe, Sylvana Veiga.
Fonte: Jornal Nacional