Petrobras avalia distribuir dividendos de forma trimestral ou semestral a partir de 2022
À medida que a companhia atinja a estrutural de capital considerada ótima, pode ter periodicidade mais frequente no pagamento de dividendos, segundo diretor financeiro
O ano de 2021 será de transição para a política de dividendos da Petrobras, dado que a estatal atingiu a meta de reduzir a dívida bruta para menos de US$ 60 bilhões e que a distribuição dos proventos não compromete a alocação de capital da companhia, segundo o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Rodrigo Araújo.
A fala do executivo acontece um dia depois de a estatal anunciar uma nova antecipação de remuneração aos acionistas, no valor R$ 31,8 bilhões.
“Dentro da sustentabilidade e a depender dos resultados do 4º trimestre, podemos ter espaço para distribuição adicional. Nosso compromisso é sempre retornar o máximo possível do que geramos de resultado”, disse o executivo.
A Petrobras pode até fazer distribuições mais frequentes de dividendos, à medida que a companhia atinja estrutural de capital considerada ótima, segundo Araújo.
De acordo com o executivo, a expectativa é que a partir de 2022 a estatal passe a cumprir a nova política de cálculo para a distribuição de pagamento aos acionistas. Mas a Petrobras ainda avalia qual será a nova periodicidade de distribuição de dividendos.
“A expectativa é termos uma periodicidade mais frequente de dividendos, podendo ser trimestral ou semestral. Isso contribui para a gestão de otimização de caixa”, disse Araújo.
Sobre distribuição de dividendos, o presidente da companhia, Joaquim Silva e Luna, diz que a política ajuda a sustentar estratégias públicas, que beneficiam especialmente as camadas mais vulneráveis da população. Do total antecipado, R$ 23,3 bilhões vão para a União.
“Quanto mais saudável a empresa mais ela consegue devolver para a sociedade em forma em tributos. Continuaremos atuando com disciplina de capital, investindo em ativos com altas taxas de retorno e com foco na geração de valor para a sociedade. O resultado desse trabalho é revertido em lucro”, afirmou, acrescentando que a Petrobras não persegue o “lucro pelo lucro”, mas sim com o objetivo de retornar valor aos acionistas e à sociedade.
Gestão ativa de portfólio
A Petrobras vai seguir focada na gestão ativa do portfólio, mesmo depois de atingir o objetivo de reduzir a dívida bruta para menos de US$ 60 bilhões, afirmou Silva e Luna.
A companhia anunciou, na quinta-feira, que encerrou o terceiro trimestre de 2021 com endividamento bruto de US$ 59,6 bilhões, meta que era prevista para ser alcançada somente ao final de 2022.
De acordo com Silva e Luna, a performance da estatal no trimestre foi “excepcional”, tanto no operacional quanto no financeiro.
O executivo destacou que o alcance da meta de redução da dívida foi uma grande conquista. Segundo ele, a petroleira passou pela “maior recuperação financeira da história”.
“Vínhamos perseguindo isso há muitos anos. Em 2014, a dívida da Petrobras era a maior dívida corporativa do mundo, chegando a US$ 160 bilhões, se levarmos em conta também os afretamentos”, disse. “Isso deixava a companhia em grande desvantagem em relação a seus concorrentes. Para sobreviver, a companhia precisou escolher e focar nos ativos em que poderia gerar mais valor”, completou.
Apensar de considerar o nível da dívida da companhia “bastante adequado”, ainda há que se trabalhar na gestão do endividamento, diz o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Rodrigo Araújo.
“A gente ainda tem um trabalho importante para fazer com a dívida remanescente, tanto de alongamento de prazos quanto de redução de custos”, explicou Araújo.
O executivo destacou que a atual desalavancagem da empresa permite que ela enfrente com mais tranquilidade cenários desafiadores, como a pandemia. “O calendário de pagamentos de dívida é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia”, destacou.
Araújo explicou que a companhia ainda está com um caixa acima do que considera “ótimo” – mas destacou que manter esse patamar, em nível muito superior, ocorre por prudência, devido ao cenário de incertezas em meio à pandemia. Hoje, o caixa da Petrobras está em US$ 11,5 bilhões.
Venda de ativos
A Petrobras tem perspectivas de avançar com a venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, até o final deste ano, segundo o diretor financeiro e de relacionamento com investidores.
De acordo com o executivo, a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará, também está avançada.
Ao todo, a intenção da companhia é vender oito refinarias, mas até o momento apenas duas já tiveram o processo de desinvestimento assinado. A companhia assinou um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para abertura do mercado de refino no Brasil.
Além disso, a Petrobras está em conversas com o Cade para relançar os processos de venda de refinarias que não foram bem-sucedidos. A estatal encerrou os processos de venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) este ano, sem sucesso.
“Seguimos comprometidos com cumprimento da venda de refinarias e em fazer com que os processos sejam bem-sucedidos, acreditamos que a abertura de mercado é saudável”, disse Araújo.
O diretor de refino e gás natural, Rodrigo Costa Lima e Silva, destacou que a empresa está se preparando para atuar num mercado aberto, com esforços para aumentar a eficiência operacional das refinarias. Ele lembrou que, nesse contexto, a estatal pretende ampliar a capacidade de produção de diesel S10.
“Nosso plano de negócios prevê US$ 3,7 bilhões, para preparar o parque de refino e ampliar capacidade de hidrotratamento em 10 mil metros cúbicos por dia (m3/dia)”, afirmou Lima e Silva.
Para ele, a abertura do mercado trará um melhor compartilhamento de riscos e uma dinâmica positiva ao mercado.
Para além das refinarias, a Petrobras segue com a intenção de vender sua participação na petroquímica Braskem, segundo Araújo. O executivo disse, em teleconferência, que a companhia tem conversado com a Novonor, parceria na empresa, para convergir na venda da petroquímica.
A Novonor pretende se desfazer de seus papéis na Braskem com uma oferta na Bolsa. Ao todo, a Petrobras tem uma participação de 36,1% no capital total na Braskem, enquanto a Novonor tem 38,3%.
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Fonte: Por Valor Online