Torcedora é retirada de estádio da Copa após fazer gesto provocativo à Sérvia;
Imagem flagra uma mulher fazendo o símbolo da águia negra de duas cabeças, presente na bandeira da Albânia, e que já foi feito pelos jogadores da Suíça contra a Sérvia em 2018
Por Redação do ge — Doha, Catar
03/12/2022 Atualizado há 2 horas
Uma torcedora foi retirada do Estádio 974 nesta sexta-feira, durante a vitória da Suíça sobre a Sérvia por 3 a 2. A mulher não vestia camiseta de nenhuma seleção mas foi flagrada fazendo o símbolo da águia negra de duas cabeças, presente na bandeira da Albânia.
O mesmo gesto provocativo foi feito com as mãos pelos jogadores Xhaka e Shaqiri, na Copa de 2018, isso porque a maioria do povo kosovar é de origem albanesa. Xhaka nasceu na Basileia e é filho de pais kosovares, enquanto Shaqiri nasceu mesmo no Kosovo.
A região de Kosovo fica dentro do território da Sérvia e declarou independência de forma unilateral em 17 de fevereiro de 2008. Os sérvios não reconheceram esse ato e ainda consideram Kosovo como parte do país.
No jogo desta sexta-feira, Granit Xhaka, camisa 10 da Suíça e personagem central de tensão com a Sérvia, protagonizou um início de uma grande confusão. Depois de um pedido de pênalti por parte dos sérvios, que pediram falta em Mitrovic após uma disputa dentro da área, Xhaka iniciou uma discussão e fez um gesto obsceno, levando a mão às partes íntimas. O banco da Sérvia se revoltou, e o goleiro reserva Rajkovic levou cartão amarelo.
A confusão se dissipou rapidamente, e Xhaka continuou em campo.
Na reta final da partida, o camisa 10 voltou a se ver envolvido em um princípio de confusão. Xhaka discutiu com Mitrovic na parte final do jogo, em novo embate que precisou ser contido pela arbitragem.
GEOPOLÍTICA
Explica-se: a Sérvia é um países que surge separação da antiga Iugoslávia, formada também por Eslovênia, Bósnia, Macedônia e Montenegro, além de duas regiões autônomas: Kosovo e Vojvodina. Grande parte do território do Kosovo faz parte da Sérvia, que era parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na região, porém, os albaneses são maioria e buscaram sua independência – no fim do século 20, 90% da população kosovar era formada por albaneses.
Em 1989, a Sérvia adotou medidas duras contra o desenvolvimento da cultura albanesa no Kosovo. Proibiu que o albanês fosse ensinado nas escolas e impediu o início de uma política própria. Ou seja, o que era para ser um território independente, na vontade de sua população, deveria ser parte apenas de um país maior, a Sérvia.
O Kosovo respondeu. O KLA (Exército Libertador do Kosovo) entrou em conflito com tropas da Sérvia, a mando do então presidente da Iugoslávia, Slobadan Milosevic. Albaneses, à época, foram massacrados com violência no território kosovar.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) tentou, em 1999, selar a paz entre a Sérvia e os kosovares. Slobadan Milosevic foi contra e iniciou-se outra série de conflitos, agora com a ajuda de outros países a favor do Kosovo. A Guerra do Kosovo durou 78 dias e teve milhares de vítimas da violência.
Desde então, o Kosovo busca sua independência, que não foi até hoje reconhecida pela Sérvia – e parece que, tão cedo, não será. No futebol, a seleção local já disputa eliminatórias para a Copa do Mundo e campeonatos europeus, como a Liga das Nações.
Fonte: Redação do ge — Doha, Catar
