Vacina contra Covid: apenas uma de 7 candidatas brasileiras completou 1ª fase de testes até agora
Imunizantes desenvolvidos no país esbarram na falta de insumos, na estrutura de fabricação precária e na necessidade de ajustes em protocolos de pesquisa para aprovar e dar andamento aos estudos.
/s2.glbimg.com/hmaHHrcngArLTTw6SlfsHUxYdZE%3D/200x0/filters%3Aquality%2870%29/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/O/W/HwkTzFSHWacfk1GndHhg/bbc-news-tile-hr-rgb.jpg)
Por André Biernath, BBC — Da BBC News Brasil em Londres
21/02/2022 07h19 Atualizado há 2 horas
Ao longo de 2020 e 2021, diversos grupos de pesquisa brasileiros divulgaram que tinham desenvolvido protótipos de vacinas para barrar a Covid-19 — alguns chegaram até a estipular datas para o início e o término das três etapas de testes clínicos necessárias para comprovar (ou não) a eficácia e a segurança das novas formulações.
Na prática, porém, nenhuma das candidatas cumpriu o cronograma. Entre as sete vacinas anunciadas, o produto que mais avançou foi a ButanVac: o Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou recentemente que finalizou a primeira fase dos testes clínicos.
E, mesmo nesse caso, a conclusão da fase 1 acontece cerca de oito meses depois da data estipulada para a conclusão de todas as três etapas exigidas pelas agências regulatórias, como a Anvisa do Brasil.
Numa coletiva de imprensa realizada no dia 26 de março de 2021, Dimas Covas, diretor do Butantan, e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, chegaram a dizer que, se os testes corressem bem, a ButanVac poderia ser aplicada ainda em julho de 2021.
Nesse meio tempo, os cientistas encontraram uma série de dificuldades, que vão desde falta de estrutura e insumos para fabricar as primeiras doses até pedidos de ajustes nos protocolos de pesquisa conforme a campanha de vacinação progredia.
A BBC News Brasil entrou em contato com as sete instituições brasileiras que estão por trás das candidatas à vacina anunciadas nos últimos meses. Confira o status de todas as pesquisas e quando são esperados novos resultados.
ButanVac
Com a tecnologia desenvolvida no Hospital Mount Sinai e na Universidade do Texas em Austin, ambos nos Estados Unidos, essa vacina traz um vírus modificado da doença de Newcastle (que afeta aves, mas é inofensiva para seres humanos) com a proteína S do coronavírus.
Esse “S” vem de spike (ou espícula, em português), a estrutura que fica na superfície do vírus e se conecta às nossas células para dar início à infecção.
As doses da ButanVac são produzidas em ovos embrionados de galinha, uma tecnologia que o Instituto Butantan domina e utiliza para fabricar cerca de 80 milhões de unidades da vacina contra a gripe todos os anos.
Além da instituição brasileira, esse produto também é testado em outros dois lugares: no Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e na Organização Farmacêutica Governamental da Tailândia.
Como mencionado no início da reportagem, as primeiras notícias sobre esse produto foram divulgadas em março de 2021 e havia até uma perspectiva de que ele poderia ficar disponível já no ano passado.
Fato é que a fase 1 dos testes clínicos, em que os cientistas avaliam a dosagem adequada e a segurança da formulação, foi finalizada agora em fevereiro de 2022.
Num texto publicado no site oficial, o Butantan explica que precisou fazer ajustes nessa primeira fase das pesquisas, já que a campanha de vacinação estava progredindo bem entre a população brasileira no segundo semestre de 2021.
“Como naquela época o avanço estava muito rápido e o estudo pedia que os voluntários nunca tivessem tomado vacina e não tivessem Covid, o número de pessoas disponíveis foi diminuindo”, justificou o médico e consultor do Butantan, Eduardo Motti.
O instituto precisou então “adaptar a ButanVac para outro momento da pandemia: aquele em que toda a população estaria vacinada, mas no qual o vírus continuaria circulando e desenvolvendo variantes”.
Com a mudança nos protocolos, foram recrutados 327 voluntários, que receberam a ButanVac ou a CoronaVac durante o segundo semestre de 2021. A meta era comparar como cada uma dessas doses agia no corpo.
No site, o Butantan informa que “as equipes envolvidas no ensaio clínico estão terminando de computar os dados da fase 1 para encaminhar à Anvisa. A agência, com as informações em mãos, vai analisar e dizer se tem algum questionamento”.
“Os dados preliminares são bons e ajudaram a definir a