Dólar a R$ 5,20: entenda por que a moeda está caindo este ano e saiba se é hora de comprar
Moeda norte-americana rompeu a barreira dos R$ 5,30 este mês e chegou a ser cotada a R$ 5,17 na quinta-feira (10); alto volume de investimento estrangeiro no Brasil é um dos motivos da perda de força da divisa.
Por Patrícia Basilio, g1
11/02/2022 06h01 Atualizado há 3 horas
O dólar está perdendo força em 2022. Em janeiro, a moeda norte-americana acumulou queda de quase 5%. Este mês, ela rompeu a barreira dos R$ 5,30 e, entre altas e baixas, chegou a bater em R$ 5,17 durante os negócios da quinta-feira (10), no menor patamar intradia desde setembro.
Em 2022, o Brasil é o país onde o dólar mais se desvalorizou, segundo dados da Economatica.
O alívio na pressão cambial, no entanto, exige cautela, já que as eleições devem entrar no radar dos investidores nos próximos meses, segundo especialistas consultados pelo g1. De acordo com o último boletim Focus, a previsão é que o dólar termine o ano em R$ 5,60.https://877283eec4ba55f23b85927ef8889192.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Confira abaixo os motivos que levaram o dólar ficar abaixo dos R$ 5,30:
Volume de investimento estrangeiro
O alto volume de investimento estrangeiro que o Brasil vem recebendo é um dos fatores que impulsiona a valorização do real frente ao dólar. Até quarta-feira (9), a bolsa de valores de São Paulo, a B3, registrava uma alta de 7,29% nesses investimentos em 2022.
De forma simples, a regra segue a lei da oferta e demanda: se o investidor de fora coloca mais dólares na economia brasileira, haverá um volume maior da moeda por aqui. E quanto maior a oferta, menor o preço.
Em janeiro, o investimento estrangeiro na bolsa atingiu R$ 32,49 bilhões na B3 — a segunda melhor marca desde 2012 e o quarto mês consecutivo de entradas de capital estrangeiro.
Aumento dos preços das commodities
O aumento dos preços das commodities no mercado internacional também fortalece o real, uma vez que há um forte ingresso de dólares no país com a venda de produtos, como soja, minério de ferro e petróleo, explicou André Perfeito, economista-chefe da Nécton.
O preço das matérias-primas com influência sobre a inflação apresentou alta de 2,99% em janeiro, após variação negativa de 0,71% em dezembro. Em 12 meses, o Índice de Commodities Brasil (IC-Br) teve elevação de 40,41%, divulgado pelo Banco Central.
Taxas de juros
A alta da Selic também atrai estrangeiros para o Brasil, via investimentos em renda fixa. Depois da última decisão do Copom, o Brasil voltou a ter o maior juro real (descontada a inflação) do mundo – pagando, assim, um retorno atrativo ao capital externo. E o Banco Central já sinalizou pelo menos mais uma alta da taxa, na próxima reunião, em março.
Segundo Silvio Campos Neto, economista-sênior da Tendências Consultoria, os juros dos EUA, que devem subir a partir de março, também ajudam a cotação do dólar a baixar por aqui: diante da postura mais agressiva do Federal Reserve, o BC dos EUA, para combater a inflação por lá (que atingiu o maior nível em 40 anos), os investidores norte-americanos estão se desfazendo de suas aplicações na bolsa, já prevendo o crescimento mais tímido da economia do país e das próprias empresas em que investem.
“Os investidores passaram a ver o Brasil como um mercado interessante entre os emergentes”, explicou o sócio da Tendências.