Rússia x Ucrânia: entenda ‘guerra híbrida’ que ucranianos acusam Putin de promover
Uso de mecanismos como insurgência, migração ou uso de desinformação são considerados parte das estratégias de combate de uma guerra híbrida.
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Por BBC
09/02/2022 06h00 Atualizado há 18 minutos
A tensão entre a Rússia e a Ucrânia vem aumentando há várias semanas.
Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça “iminente” de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental.
Já o governo de Vladimir Putin, por sua vez, negou a possibilidade de um ataque e acusa Washington de tentar levar seu país à guerra contra a Ucrânia.
A fronteira entre as duas nações, no entanto, já acumula mais de 100 mil soldados russos, o que disparou alarmes em vários ministérios das Relações Exteriores ao redor do mundo, que falam abertamente da possibilidade de uma guerra.
A principal exigência do governo russo é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não vai aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança defensiva de 30 países liderada pelos Estados Unidos.
Moscou vê, portanto, essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. A Ucrânia é considerada a “fronteira ocidental” da Rússia.
Mas, embora nenhum confronto militar tenha ocorrido até agora, as autoridades ucranianas denunciaram a existência de uma “guerra híbrida” contra elas.
Uma das acusações é de que o Kremlin estaria por trás de um ataque cibernético que afetou dezenas de sites oficiais do governo da Ucrânia.
A ação — segundo Kiev — é a “manifestação da guerra híbrida que a Rússia mantém na Ucrânia desde 2014″, referindo-se ao ano da anexação da península da Crimeia pelo Kremlin.
Mas o que é uma guerra híbrida? E que fatores determinam sua existência?
O que significa uma ‘guerra híbrida’?
O conceito — que foi utilizado pela primeira vez no início dos anos 2000 — tem a ver com a implementação de uma estratégia (ou várias) de enfrentamento que não passa necessariamente por um combate de tipo militar.
“Um país pode usar meios que prejudiquem a segurança e a estabilidade de outro país. E não são meios militares, mas, por exemplo, ataques cibernéticos ou o lançamento de uma onda massiva de tuítes que vão contra a posição de um determinado governo. Chamamos isso de guerra híbrida”, diz Antonio Alonso Marcos, professor de Relações Internacionais da Universidade de San Pablo CEU, em Madri, na Espanha, explica à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
O uso de mecanismos como insurgência, migração ou uso de “fakes news” e desinformação, entre outros, também é considerado parte dessas estratégias de combate não tradicionais, nas quais a propaganda e a provocação têm papel fundamental.